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TEATRO
Espetáculo da companhia, que estréia hoje no Sesc Pompéia, trata das barreiras físicas e simbólicas na sociedade
XPTO pula os muros do medo em nova montagem
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na fieira da memória da humanidade, a imagem do arame farpado puxa muito do que foi o século 20 -os campos de concentração, por exemplo- e traduz
um outro tanto daquele que corre. O arame farpado é constituído
por fios enrolados uns nos outros.
Só que, em intervalos iguais, estão
lá as pontas agudas a ameaçar a
quem se aventurar a pular a cerca.
É numa espécie de túnel circundado por essas farpas que o espectador adentra o espetáculo "Pulando Muros", a nova montagem
do grupo XPTO, em cartaz a partir de hoje no Sesc Pompéia.
A área de convivência projetada
pela arquiteta Lina Bo Bardi
(1914-1992) será paradoxalmente
tomada por barreiras, físicas ou
simbólicas.
O diretor Osvaldo Gabriele concebe uma crítica à indústria do
medo, quer na cenografia -que
projeta um pátio de quartel por
meio de oito torres-, quer nos
personagens, vítimas ou algozes.
"O nosso cotidiano reflete uma
intervenção concreta no desejo de
cada um. Diante de uma
ameaça externa, desviamos, cortamos, nos afastamos", diz Gabriele, 47.
A metáfora do muro ganhou
mais força quando Gabriele integrou a turnê do grupo Oficina pela Alemanha, com a epopéia "Os
Sertões". Em Berlim, ele notou o
quanto a queda do Muro, em
1989, ainda não baixou a poeira
do medo do outro.
A geografia do espetáculo espraia-se por Cisjordânia, Rocinha
e outros contrastes virtuais, sociais, culturais, religiosos etc.
Entre as cenas de colagens, há a
figura do Grande Blindador, que
faz citações ao presidente
dos EUA, George W. Bush, e depois se transforma num apresentador de programa de TV sensacionalista.
"O espetáculo traz esse lado
sombrio, mas ao mesmo tempo se
propõe à ironia e à diversão", diz
o diretor do XPTO, Osvaldo Gabriele.
Pulando Muros
Quando: estréia hoje, às 20h30; qua. a
sáb., às 20h30; dom., às 19h. Até 11/12
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, SP, tel.
0/xx/ 11/3873-7700)
Quanto: entrada franca
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