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Livro reúne 60 poemas
escritos com os olhos
Obra de Leide Moreira será lançada na quarta, na Folha
UIRÁ MACHADO
COORDENADOR DE ARTIGOS E EVENTOS
Leide Moreira faz poesia.
Poeta rara, quiçá única, não
mexe as mãos, os pés, a cabeça.
Tampouco mexe o tronco, os
braços, as pernas. Nem piscar
os olhos ela pisca. Mas escreve.
Portadora de esclerose lateral amiotrófica desde o final de
2004 (mesma doença degenerativa do físico Stephen Hawking), Moreira, 60, perdeu
completamente o controle sobre os músculos. A doença só
não afeta o raciocínio e os cinco
sentidos: olfato, paladar, audição, tato e visão.
Para escrever, Moreira usa o
único movimento que lhe resta:
o do globo ocular. Com os
olhos, indica letras em uma tabela e forma palavras. Assim se
comunica. Assim faz poesia.
Desde que contraiu a doença,
Moreira já escreveu 60 poemas. Todos estão reunidos em
"Poesias para me Sentir Viva",
livro que terá seu lançamento
nesta quarta, dia 12, a partir das 19h30, no auditório da
Folha (al. Barão de Limeira,
425, 9º andar). Na ocasião, as
atrizes Fernanda D'Umbra e
Chris Couto farão a leitura de
alguns textos de Moreira.
Os interessados em participar podem se inscrever pelo telefone 0/xx/11/3224-3473 a
partir de amanhã, das 14h às
19h, ou por eventofolha@folhasp.com.br, informando
nome completo, telefone e RG.
Com 40 poemas inéditos e
20 publicados em obra anterior, o livro expõe sentimentos
que variam entre a alegria
("Amo a vida e a vida me embala") e a angústia ("Mesmo rezando a minha dor não passa"),
mas que guardam sempre ao
fundo o tom da esperança
("Volto ao futuro esperança").
Para Moreira, os textos representam uma atividade que
ainda pode desenvolver ("(...)
faço poesia/ Exercitando a minha mente"). Mas, mais do que
isso, são o sentido de sua vida:
"Viver é fazer poesia".
O livro, que teve patrocínio
de Bradesco Vida e Previdência
(com benefícios da Lei Rouanet) e o apoio da ABrELA (Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica), poderá
ser comprado por R$ 20 no dia
do lançamento e, depois, na Livraria Cultura e na ABrELA.
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