São Paulo, segunda-feira, 09 de novembro de 2009

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Crítica

Sem hits, Sonic Youth faz show hipnotizante

BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

A noite foi de veteranos caóticos. Enquanto a selvageria dominou o show de Iggy Pop, com violência de seguranças, invasão do palco e o cantor com a bunda de fora, o Sonic Youth mostrou um caos sonoro controlado.
A terceira vinda do grupo ao Brasil serviu como tira-teima. Se em 2000 a sensação geral foi de deslumbramento, o show de 2005 foi experimental, difícil. Anteontem, o público viu uma mistura dos dois climas.
O que dizer de uma banda que tem um punhado de hits, mas os deixa de lado? E que, mesmo assim, e com a chuva jogando contra, faz um show hipnotizante e intenso?
O Sonic Youth não se apoia nas glórias do passado. O novo disco, "The Eternal", que dominou a maior parte da apresentação, mostra um grupo ainda com vontade de surpreender, com músicas que, mesmo desconhecidas, conquistaram o público de imediato.
"Anti-Orgasm" e "Calming the Snake", por exemplo, definem bem o papel da baixista e vocalista Kim Gordon. Ela é o centro das atenções. Aos 56 anos, une diversos imaginários da mulher no rock. Ora é a cantora gélida (como Nico), ora é uma louca que dá rodopios e cai no chão (como Lovefoxxx).
Quando olham para o passado, fogem do óbvio. Outro pilar do show é o disco que ajudou a formatar o rock alternativo dos anos 90, "Daydream Nation" (1988). De lá deixam de fora o "hino" "Teenage Riot" e investem em "The Sprawl", "Hey Joni" e "Cross the Breeze".
Vinte anos depois, a execução continua visceral, quase um hardcore. O tempo parece não passar para o Sonic Youth.
O show termina com a antiga "Death Valley 69". Ver ao vivo a banda que melhor soube transformar a microfonia de guitarras em estilo dá a saudável sensação de ver um pedaço essencial da história do rock passar diante dos olhos.


SONIC YOUTH
Avaliação: ótimo


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