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Crítica
Sem hits, Sonic Youth faz show hipnotizante
BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
A
noite foi de veteranos
caóticos. Enquanto a
selvageria dominou o
show de Iggy Pop, com violência de seguranças, invasão do
palco e o cantor com a bunda de
fora, o Sonic Youth mostrou
um caos sonoro controlado.
A terceira vinda do grupo ao
Brasil serviu como tira-teima.
Se em 2000 a sensação geral foi
de deslumbramento, o show de
2005 foi experimental, difícil.
Anteontem, o público viu uma
mistura dos dois climas.
O que dizer de uma banda
que tem um punhado de hits,
mas os deixa de lado? E que,
mesmo assim, e com a chuva jogando contra, faz um show hipnotizante e intenso?
O Sonic Youth não se apoia
nas glórias do passado. O novo
disco, "The Eternal", que dominou a maior parte da apresentação, mostra um grupo ainda
com vontade de surpreender,
com músicas que, mesmo desconhecidas, conquistaram o
público de imediato.
"Anti-Orgasm" e "Calming
the Snake", por exemplo, definem bem o papel da baixista e
vocalista Kim Gordon. Ela é o
centro das atenções. Aos 56
anos, une diversos imaginários
da mulher no rock. Ora é a cantora gélida (como Nico), ora é
uma louca que dá rodopios e cai
no chão (como Lovefoxxx).
Quando olham para o passado, fogem do óbvio. Outro pilar
do show é o disco que ajudou a
formatar o rock alternativo dos
anos 90, "Daydream Nation"
(1988). De lá deixam de fora o
"hino" "Teenage Riot" e investem em "The Sprawl", "Hey Joni" e "Cross the Breeze".
Vinte anos depois, a execução continua visceral, quase
um hardcore. O tempo parece
não passar para o Sonic Youth.
O show termina com a antiga
"Death Valley 69". Ver ao vivo a
banda que melhor soube transformar a microfonia de guitarras em estilo dá a saudável sensação de ver um pedaço essencial da história do rock passar
diante dos olhos.
SONIC YOUTH
Avaliação: ótimo
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