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Toda Nudez Será Castigada
da Equipe de Articulistas
"Toda Nudez
Será Castigada"
é um raro exemplo brasileiro de
unanimidade de
crítica e público.
Em sua época,
o filme foi tirado
de cartaz pela censura -que não
engoliu seu final transgressivo-,
mas voltou aos cinemas depois de
conquistar o Urso de Prata no Festival de Berlim.
A história -extraída da peça
teatral homônima de Nelson Rodrigues- diz respeito a Herculano
(Paulo Porto), viúvo carola e reprimido que se apaixona pela prostituta Geni (interpretada pela atriz
Darlene Glória).
Tudo se complica quando o jovem filho de Herculano, Serginho
(Paulo Sacks), que é ainda mais
moralista que o pai, também se envolve com Geni.
O filme salta para um plano quase fantástico quando Serginho vai
parar na cadeia e lá é currado pelo
"ladrão boliviano", um dos personagens mais memoráveis do universo rodrigueano, embora apareça pouco e não fale nada.
Nunca o cinema conseguiu traduzir com tanta felicidade os paradoxos que animavam a dramaturgia rodrigueana: a degradação e a
santidade, a castidade e a pornografia, o grotesco e o sublime, o
trágico e o cômico.
Tudo isso está condensado na interpretação luminosa de Darlene
Glória, sob a música dilacerante de
Astor Piazzola.
François Truffaut dizia que "o
papel do diretor de cinema é mostrar mulheres bonitas fazendo coisas bonitas".
Jabor fez diferente: mostrou mulheres bonitas (Darlene Glória,
Adriana Prieto, Sônia Braga, Vera
Fischer, Fernanda Torres) fazendo
coisas terríveis. Foi assim que
criou um cinema forte e inconfundível.
(JGC)
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