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Mostra traça construção da identidade iconográfica do Brasil com peças do Museu Nacional de Belas Artes
DNA da arte brasileira
FABIO CYPRIANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Se considerarmos que obras de
arte representam também o material genético de uma nação, as
131 obras em cartaz a partir de hoje, na mostra "Imagem e Identidade: Um Olhar sobre a História",
poderiam ser consideradas como
parte essencial do DNA da arte
brasileira.
A exposição é composta apenas
por peças do Museu Nacional de
Belas Artes (MNBA), do Rio, que,
pela primeira vez, cede parte
substantiva de seu acervo para
outra mostra. Por meio de tais
obras, segundo Marcus Lontra,
curador da mostra, "é possível conhecer todo o processo civilizatório brasileiro".
Criado em 1937, o MNBA abriga
principalmente obras do século
19, já que a instituição substituiu a
Academia de Belas Artes, principal formadora de artistas no período. A Academia, duramente
criticada pelo modernistas, era
considerada um retrocesso frente
às novas expressões artísticas no
início do século. Só recentemente,
artistas como Giovanni Castagneto (1851-1900), Rodolfo Amoedo
(1857-1941) e Belmiro de Almeida
(1858-1935), todos na mostra,
passaram a ganhar relevância.
"Desde o início do século 20, foi
disseminado um horror à Academia e fomos criados com essa
mentalidade. Quem visita o Museu Nacional pode perceber que
as obras do século 19 representam
um projeto autônomo de país",
afirma o curador.
Para ilustrar tal construção da
identidade iconográfica brasileira, Lontra dividiu os 1.500 m2 do
Instituto Cultural Banco Santos
em sete módulos, apresentando
em cada um deles pérolas da coleção do MNBA. Na primeira sala, o
destaque é "Primeira Missa no
Brasil" (1860), de Vítor Meireles.
É a primeira vez que a tela de 3,5
metros de largura sai do museu.
"Tentamos trazer a "Missa" para o
Redescobrimento. Só agora, em
uma parceria com o MNBA, nos
comprometemos a restaurar a
obra e foi possível trazê-la", diz
Edemar Cid Ferreira, presidente
do Instituto Cultural.
A mostra apresenta ainda outros destaques do acervo do
MNBA, como uma gravura de
Rembrandt e uma tela de Tiepolo.
O percurso termina com esculturas de Amílcar de Castro e Franz
Weissmann. "Eles são nossos últimos escultores. Como a mostra é
realizada com obras do MNBA,
eles representam artistas que se
pode classificar nas belas-artes",
diz Lontra.
IMAGEM E IDENTIDADE: UM OLHAR
SOBRE A HISTÓRIA. Mostra com 131
obras do Museu Nacional de Belas Artes.
Curadoria: Marcus Lontra. Onde:
Instituto Cultural Banco Santos (r.
Hungria, 1.100, SP, tel. 0/xx/11/3818-9591). Quando: abertura hoje e amanhã
(para convidados); de ter. a sex., das 10h
às 18h, sáb. e dom., das 10h às 17h. Até
2/3/2003. Quanto: entrada franca.
Patrocínio: Banco Santos.
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