São Paulo, quinta-feira, 09 de dezembro de 2004

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TEATRO

Referência nacional em formação e pesquisa cênica, espaço compartilha sua pedagogia e espetáculos ainda em produção

Escola Livre mostra processos colaborativos de criação

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Elementos do milenar nô japonês contaminam a cultura popular brasileira. O épico vai ao cabaré. A estética urbana salta o muro dos condomínios. Seguem por aí alguns dos experimentos que vêm a público a partir de hoje na Mostra de Processos da Escola Livre de Teatro de Santo André.
É chance para (re)conhecer a metodologia da pedagogia livre da ELT e conferir as experiências de seus núcleos de trabalho, por meio de espetáculos, work in progress (criações cujas pesquisas estão em andamento), leituras, encontros teóricos, mesas-redondas e aulas à comunidade interessada.
Tem sido assim nos últimos anos, uma mostra que aponta caminhos para a cena contemporânea, mas também os desconstrói, fornecendo a temperatura de um dos principais espaços públicos do país dedicados à formação e investigação teatrais.
Prestes a completar 15 anos, em 2005, o projeto Escola Livre de Teatro irradiou, por exemplo, para o Oficinão, atividade anual desenvolvida pelo Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte.
"A Escola Livre de Teatro valoriza a caminhada do ator e o processo de criação, sem deixar de lado os pontos de chegada, os resultados", afirma o coordenador do espaço, Antônio Rogério Toscano, 32.
"A mostra reflete a codificação de linguagens, que já passou pela mimese corporal e agora alcança o teatro nô, o cabaré, o circo etc.", explica Toscano.

Exibições
As apresentações acontecem no galpão da Escola Livre de Teatro e no teatro Conchita de Moraes, em cujo entorno fica a escola.
Hoje, às 20h30, serão mostradas cinco das sete cenas que vão compor o projeto Nô. O público verá, sempre com entrada franca, em que etapa se encontra a pesquisa de finalização de curso do Núcleo de Formação 6, orientado por Georgette Fadel, Luís Alberto de Abreu, Cuca Bolaffi e Gustavo Kurlat.
No dia 15, às 18h30, o Núcleo de Teatro Popular Urbano (dedicado à cultura da rua), coordenado por Claudia Schapira e Roberta Estrela D'Alva, apresenta um work in progress de sua pesquisa em torno dos condomínios.
No mesmo dia, às 20h30, o Núcleo de Dinâmicas Coletivas da Criação, sob orientação Antônio Araújo, Lucienne Guedes e Abreu, fala de processos colaborativos.
O Núcleo de Formação 7 passou 2004 trançando o teatro épico, de perspectiva histórica, e o teatro-cabaré, cuja estética da diversão também conjuga dança e música na linha da variedade.
A experiência resultou no espetáculo "Acabar É...", em cartaz de 16 a 19, no Galpão da ELT, sempre às 20h30. O musical trata de assuntos como desemprego, luta pelo poder, solidão e prostituição.

Origem
A Escola Livre de Teatro surgiu em 1990, iniciativa catalisada pelo então secretário da Cultura em Santo André, o ator Celso Frateschi, na gestão do PT.
Já foram seus coordenadores as encenadoras Maria Taís e Tiche Vianna, a atriz Lucienne Guedes e o pesquisador Kil Abreu.
Os primeiros dois anos, a fase "mítica", segundo Toscano, consolidaram a relação de mestre e aprendiz, na qual um aprende com o outro -"horizontalização" que redundou na afirmação do processo colaborativo como norte.
A escola sempre sofreu dificuldades. Ficou fechada entre 1992 e 1994. Atualmente, sobrevive aos ventos políticos e atende cerca de 250 aprendizes. Seu orçamento em 2004 foi de R$ 288 mil.


MOSTRA DE PROCESSOS DA ESCOLA LIVRE DE TEATRO. Onde: Escola Livre de Teatro de Santo André - Teatro Conchita de Moraes e Galpão (pça. Rui Barbosa, 12, Santa Terezinha, Santo André, tel. 0/ xx/ 11/4996-2164). Quando: de hoje ao dia 21, às 18h30 e às 20h30. Quanto: entrada franca.


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