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Biblioteca pop
Dois livros sobre os Beatles lideram pacote de fim de ano de obras ligadas a temas musicais
THIAGO NEY
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
A um repórter que questionava como seria a vida na banda mais famosa do mundo,
George Harrison disse, certa
vez: "A melhor coisa é abrir os
jornais de manhã e não encontrar nada sobre você". Mais de
30 anos após o fim dos Beatles,
Harrison não encontraria seu
nome apenas nos jornais mas
nas prateleiras das livrarias.
Neste final de ano, em meio a
um pacote de lançamentos ligados a temas musicas, chegam ao Brasil
mais duas obras sobre John
Lennon (1940-1980), Paul
McCartney, George Harrison
(1943-2001) e Ringo Starr:
"The Beatles: A Biografia" e
"Sgt. Pepper's Lonely Hearts
Club Band - Um Ano na Vida
dos Beatles e Amigos".
No primeiro, o jornalista
norte-americano e autor de
uma biografia sobre Bob Dylan
("Dylan: A Biography") Bob
Spitz utiliza 846 páginas para
contextualizar a vida e a carreira dos Beatles e de seus integrantes -especialmente as de
Lennon e de McCartney. Mais
de uma centena delas é reservada a notas, referências e informações sobre a metodologia de
seu trabalho, que levou sete
anos para ser completado.
No apêndice, Spitz afirma
que sua proposta era preparar
uma biografia "definitiva". O
que é um desafio e tanto não
apenas por tratar de um ícone
idolátrico mas porque os Beatles são dos artistas mais escrutinados da música -desde os
anos 1960, os Fab Four são assunto de mais de 500 obras.
Spitz diz ter entrevistado familiares, amigos e mais uma
centena de pessoas que conviveram com os Beatles. O trabalho é minucioso. Ilumina com
propriedade as tensões entre os
quatro integrantes do grupo; o
"fator mulheres"; as brigas pelo
espólio da banda.
A narrativa é feita de modo linear, cronológico, disco a disco.
Um deles, o mais famoso de todos, gerou um livro só para si.
Se a bem-sucedida carreira
dos Beatles teve um ponto de
virada, ele se chama "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club
Band" e aconteceu em 1967. A
gênese do disco, que tem a capa
mais célebre da história, é contada em "Sgt. Pepper's... - Um
Ano na Vida dos Beatles e Amigos", do inglês Clinton Heylin.
Movido por um ceticismo
saudável (ele prefere o "Revolver"), Heylin não fez um livro
de beatlemaníaco, mas de especialista em música que não vê
apenas a árvore ("Sgt. Pepper's") mas a floresta inteira -o
efervescente cenário musical
movido a LSD e experimentalismo do fim da década de 60.
"Entre agosto de 1966 e junho de 1967, a banda formulou
o que acreditava ser um grande
avanço musical. Mas sempre
estiveram cientes, principalmente McCartney, de que havia bandas como o Pink Floyd
que estavam começando a puxar as fronteiras, experimentando com o som. O livro é sobre essa corrida para ver quem chegaria primeiro lá", diz o autor, por telefone, à Folha.
""Pepper" não marcou o nascimento do rock, mas certamente o validou como um gênero livre e à parte do pop."
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