São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Biblioteca pop

Dois livros sobre os Beatles lideram pacote de fim de ano de obras ligadas a temas musicais

THIAGO NEY
MARCO AURÉLIO CANÔNICO

DA REPORTAGEM LOCAL

A um repórter que questionava como seria a vida na banda mais famosa do mundo, George Harrison disse, certa vez: "A melhor coisa é abrir os jornais de manhã e não encontrar nada sobre você". Mais de 30 anos após o fim dos Beatles, Harrison não encontraria seu nome apenas nos jornais mas nas prateleiras das livrarias.
Neste final de ano, em meio a um pacote de lançamentos ligados a temas musicas, chegam ao Brasil mais duas obras sobre John Lennon (1940-1980), Paul McCartney, George Harrison (1943-2001) e Ringo Starr: "The Beatles: A Biografia" e "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band - Um Ano na Vida dos Beatles e Amigos".
No primeiro, o jornalista norte-americano e autor de uma biografia sobre Bob Dylan ("Dylan: A Biography") Bob Spitz utiliza 846 páginas para contextualizar a vida e a carreira dos Beatles e de seus integrantes -especialmente as de Lennon e de McCartney. Mais de uma centena delas é reservada a notas, referências e informações sobre a metodologia de seu trabalho, que levou sete anos para ser completado.
No apêndice, Spitz afirma que sua proposta era preparar uma biografia "definitiva". O que é um desafio e tanto não apenas por tratar de um ícone idolátrico mas porque os Beatles são dos artistas mais escrutinados da música -desde os anos 1960, os Fab Four são assunto de mais de 500 obras.
Spitz diz ter entrevistado familiares, amigos e mais uma centena de pessoas que conviveram com os Beatles. O trabalho é minucioso. Ilumina com propriedade as tensões entre os quatro integrantes do grupo; o "fator mulheres"; as brigas pelo espólio da banda.
A narrativa é feita de modo linear, cronológico, disco a disco. Um deles, o mais famoso de todos, gerou um livro só para si.
Se a bem-sucedida carreira dos Beatles teve um ponto de virada, ele se chama "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" e aconteceu em 1967. A gênese do disco, que tem a capa mais célebre da história, é contada em "Sgt. Pepper's... - Um Ano na Vida dos Beatles e Amigos", do inglês Clinton Heylin.
Movido por um ceticismo saudável (ele prefere o "Revolver"), Heylin não fez um livro de beatlemaníaco, mas de especialista em música que não vê apenas a árvore ("Sgt. Pepper's") mas a floresta inteira -o efervescente cenário musical movido a LSD e experimentalismo do fim da década de 60.
"Entre agosto de 1966 e junho de 1967, a banda formulou o que acreditava ser um grande avanço musical. Mas sempre estiveram cientes, principalmente McCartney, de que havia bandas como o Pink Floyd que estavam começando a puxar as fronteiras, experimentando com o som. O livro é sobre essa corrida para ver quem chegaria primeiro lá", diz o autor, por telefone, à Folha.
""Pepper" não marcou o nascimento do rock, mas certamente o validou como um gênero livre e à parte do pop."


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