São Paulo, quinta-feira, 09 de dezembro de 2010

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"Leitura foi o mais importante para mim"

Mario Vargas Llosa fez anteontem discurso de aceitação do Nobel

Fala de escritor peruano esteve carregada de críticas políticas; ele recebe o Prêmio Nobel amanhã na Suécia

DE SÃO PAULO

"Inventamos a ficção para poder viver, de alguma forma, as muitas vidas que gostaríamos de ter", afirmou o peruano Mario Vargas Llosa, 74, anteontem no discurso de aceitação do Prêmio do Nobel de Literatura.
Ele, que receberá amanhã o prêmio, falou durante uma hora, na Academia Sueca, em Estocolmo.
O escritor disse que a leitura foi "a coisa mais importante" que lhe aconteceu e afirmou que a literatura é capaz de alegrar, causar sofrimento e surpreender, além de unir as pessoas independente de línguas, crenças, costumes e preconceitos.
Para Llosa, "sem a ficção o homem seria menos consciente da importância da liberdade para que a vida seja vivida, e do inferno que a mesma se torna quando reprimida por um tirano, uma ideologia ou uma religião".

POLÍTICA
O discurso do peruano, intitulado de "Elogio à Literatura e à Ficção", também teve grande carga política. Ao falar da América Latina, mostrou otimismo e disse que a democracia funciona no continente, com exceção de Cuba, a "candidata a sua sucessão, Venezuela, e a algumas pseudodemocracias populistas, como Bolívia e Nicarágua".
Ele também defendeu a democracia liberal, que acredita ser, com todas as limitações, um símbolo do "pluralismo, da convivência, da tolerância, dos direitos humanos, do respeito à crítica, à legalidade e as eleições livres".
E lamentou que os governos democráticos, em vez de dar o exemplo, se solidarizando com "os resistentes venezuelanos" ou o Prêmio Nobel da Paz em 2010, o dissidente chinês Liu Xiaobo, mostram-se complacentes.
O autor atribuiu ao nacionalismo as maiores carnificinas da história, como as guerras mundiais e o conflito atual do Oriente Médio. Alertou que "novas formas de barbárie" seguem proliferando alimentadas pelo fanatismo, assim como a multiplicação das armas de destruição de massa.
"É preciso enfrentá-los e derrotá-los", disse, e pediu que as pessoas não se intimidem por quem quiser "nos tirar a liberdade".
Na plateia da Academia Sueca estavam presentes amigos e familiares do autor peruano, já laureado com os Prêmios Cervantes (1994), Príncipe das Astúrias de Letras (1986). Ele é autor de "A Cidade e os Cachorros" (1963), "Conversa na Catedral" (1969), "Pantaleão e as Visitadoras" (1973), "A Guerra do Fim do Mundo" (1981).


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