São Paulo, quarta, 9 de dezembro de 1998

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PIERRE LÉVY
Para o autor, entrevistado no programa "As Formas do Saber", não é possível separar homem e tecnologia
Sociólogo defende a "tecnodemocracia"

Gal Oppido/Divulgação
Florestan Fernandes Jr. e Pierre Lévy (ao centro), no set de gravação de "As Formas do Saber", em Sorocaba


da Reportagem Local

Sociólogo e historiador da ciência, o francês (nascido na Tunísia) Pierre Lévy vê no ciberespaço a possibilidade de a sociedade chegar a uma "tecnodemocracia".
"É preciso que todas as pessoas possam se apropriar dos dispositivos tecnológicos, e não apenas as multinacionais e os grandes conglomerados, para que a democracia seja possível", afirma.
Para ele, a Internet é a revolução, e não é possível separar homem e tecnologia. "Temos a impressão de que a tecnologia vem de algum lugar e tem um impacto em nossas vidas. Mas são os homens que desenvolvem a tecnologia", diz.
Essa visão sobre as tecnologias da informação é considerada otimista, especialmente se comparada a de outros intelectuais franceses, que fazem críticas à crescente virtualização da vida cotidiana.
Lévy enxerga o ciberespaço (termo criado por William Gibson no livro "Neuromancer", de 1984) não apenas como a Internet, mas sim "onde funciona a humanidade, tanto no plano econômico e científico, quanto no estético, pedagógico, na arte e na política".
Ele resgata o conceito de inteligência coletiva -termo usado inicialmente apenas na entomologia.
"Para ele, ela não é um magma de fusão das inteligências, mas a valorização da inteligência individual, colocada em ação coletiva. Pretende, além do acesso ao saber, promover igualmente, em qualquer comunidade, o reconhecimento das competências e dos saberes já adquiridos", afirma Rogério Costa, professor de Comunicação e Semiótica da pós-graduação na PUC-SP e consultor do programa "As Formas do Saber".
A inteligência coletiva também é, para Lévy, uma das ferramentas para reformular todo o processo educacional. Segundo ele, pela primeira vez na história, os conhecimentos adquiridos pelo homem no início de sua carreira profissional tornam-se obsoletos.
Lévy, que escreve mensalmente na seção "Autores", no Mais!, defende ainda a "planetarização", ou uma globalização absoluta, seja na livre circulação financeira e de produtos, seja na circulação de saberes, conhecimentos, pessoas e até do direito. (PD)


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