CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O universo editorial chegou ao pomposo universo do Master of Business Administration. A Fundação Getulio Vargas do Rio (www.fgv.br) está lançando o curso mais amplo já feito sobre o livro como negócio. Como bom projeto à MBA, o curso tem nome gringo: Publishing Management. As aulas começam no dia 19 e deslizam por 198 horas, até setembro.
O time de pedagogos é peso-pesado. Inclui editores de grandes, como Luiz Schwarcz (Companhia das Letras), Sérgio Machado (Record), Vivian Wyler (Rocco), de pequenas (Martha Ribas, da Casa da Palavra, e Jorge Viveiros de Castro, da 7 Letras), agentes (Lucia Riff), críticas literárias (Heloisa Buarque de Hollanda e Marisa Lajolo), livreiros (Rui Campos, da Livraria da Travessa), entre outros.
"A idéia é tratar de todas as faces do livro, como produto, como negócio e como arte", explica a coordenadora do projeto, Sonia Rodrigues. A escritora e professora diz que o curso (que custa R$ 6.500) deverá ter filial paulistana em breve.

MIM TARZAN, YOU CHITA
Milagres acontecem na terra de Bush e Schwarzenegger. O National Endowment for the Arts, órgão do governo dos EUA, um dos países mais fechados do globo para letras estrangeiras, anunciou esta semana distribuição de prêmios no total de US$ 160 mil para tradutores. Clifford Landers foi um dos contemplados por levar Rubem Fonseca ao inglês.

CAOS ENSAIADO
Está nas mãos da editora portuguesa Caminho o novo romance de Saramago. "Ensaio sobre a Lucidez", que o Nobel diz que vai "promover um escândalo dos diabos", sai por lá (e aqui também), em março.

GAROTOS-ENXAQUECA
A Record festejou o anúncio do prestigiado prêmio inglês Whitbread esta semana. Dois livros contratados pela editora, de dois esquisitões, ganharam: "The Curious Incident of the Dog in the Night-Time", do escritor Mark Haddon, sobre uma criança autista (melhor romance), e "Pequeno Deus Vernon" (melhor primeiro romance), de DBC Pierre.

CÂNONE
Um dos maiores ensaios da história, "Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", de Max Weber, ganha enfim edição decente aqui, preparada pelo sociólogo Antônio Flávio Pierucci para a Companhia das Letras. Sai em março.

SURDINA
O site da Bienal do Livro está secretamente no ar: www.feirabienaldolivro.com.br.

ALEMAÑA
A promotora da Bienal, a Câmara Brasileira do Livro, virou "Cãmara Brasiliana do Livro" no site da feira de Frankfurt.

MISTÉRIOS GOZOSOS
"Amestrando Orgasmos" é o título do livro que Ruy Castro acaba de entregar para a Objetiva. Nele, relata as "conquistas recentes de cientistas do mundo inteiro que se dedicam arduamente a decifrar os enigmas da vida". Hãhã.

PARA O LESTE E AVANTE
O maior conglomerado editorial do mundo deu esta semana mais um sinal de que o Oriente é o futuro do livro. A Random House, que desembarcou há pouco no Japão, fechou joint venture com a gigante JoongAng Ilbo, da Coréia do Sul (tema de Frankfurt em 2005). A China é o outro Eldorado do mercado editorial ocidental.

@-elek@folhasp.com.br

FORA DA ESTANTE

A relação literária Brasil-Portugal é um caso clássico de hipermetropia editorial. Traduzimos do albanês ao japonês, mas não tomamos as grossas lentes de José Saramago para enxergar o que está mais próximo de nós, quilos e quilos de boa literatura em nossa própria língua. Vergílio Ferreira (1916-1996) é um desses muitos autores que as editoras brasileiras não conseguiram visualizar até hoje. Um dos maiores nomes da literatura portuguesa do século 20, o ganhador do Prêmio Camões de 1992 não tem praticamente nada da sua vasta obra encontrável nas estantes nacionais. "Aparição", publicado em 1959, emblema de sua literatura psicológica, existencialista, do "valerá a pena insistir no que se não pode explicar?", já ultrapassa a 45ª edição no Além Mar. Aqui, nada.



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