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RELÂMPAGOS
Havana prometida
JOÃO GILBERTO NOLL
Ela vai para Cuba fazer um
tratamento para voltar a enxergar. Foi acometida na infância por uma enfermidade
de nome longo. Se lembro,
nele cabia até a palavra
"constelação". A moça escreve belos poemas. Me liga
de madrugada pedindo que
eu os leia. De um gosto especialmente. Fala do "sabor relutante da noite". Sento na
cama. E vou recitando preguiçosamente as sílabas de
sua verve sinuosa. Ela vai para Havana. Talvez volte enxergando um pouco. Ou um
pouco mais. Diz que consegue ver alguma coisa. "O
quê?", pergunto. Ela me olha
aí com tal ardor que entendo.
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