BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Em depoimento gravado em 1977, o poeta Menotti del Picchia (1892-1988) relata: "Em fevereiro, nos dias 13,15 e 17, acontecia a Semana de Arte Moderna, com exposições de artes plásticas, concertos, leituras de livros e conferências explicativas".
Hoje, 81 anos após a Semana de 1922, tal descrição pode soar corriqueira a julgar pela quantidade de eventos e "happenings" que pipocam pela cidade. Em homenagem à data, a TV Cultura exibe uma série de programas que traz registros históricos que relembram o evento que revolucionou o cenário artístico brasileiro.
Algumas das figuras diretamente ligadas à Semana, como Tarsila do Amaral (1886-1973) e Menotti del Picchia, aparecem em raros registros em vídeo para falar sobre o período, no especial que vai ao ar amanhã.
Durante a semana, serão exibidos documentários sobre dois dos principais mentores do evento, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. No primeiro, parentes de Mário, como sua irmã Lourdes de Camargo, relatam como a família reagiu ao envolvimento do artista com o modernismo. A mãe do artista, por exemplo, teria tomado um susto ao dar de cara com uma obra de Victor Brecheret que não lhe agradava em casa.
O escultor Victor Brecheret e a poeta Pagú também ganham documentários. O segundo guarda uma memória afetiva: é dirigido por Rudá de Andrade, filho da artista com Oswald. Semana oportuna para conhecer tempos em que "Só a antropofagia nos une" ainda não era apenas um adesivo de carro.