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AUDIOVISUAL
Em "Nósenãonós3Telas", Sérgio Bernardes enfoca questões urbanas e do campo, com trilha de Guilherme Vaz
Cineasta faz reflexão sobre o país em vídeo
DA REPORTAGEM LOCAL
Em três telas suspensas por cabos de aço, o cineasta Sérgio Bernardes imaginou projetar as reflexões de "um brasileiro que conhece o Brasil", na forma de imagens
cobertas pela música do compositor Guilherme Vaz.
Consolidou o desejo na exposição "Nósenãonós3Telas", que
tem vernissage hoje, no Rio.
O brasileiro pensador é o próprio Bernardes, que passou cinco
anos recentes apontando a câmera para todas as regiões do país.
Fez isso em missão oficial, encomendada pela presidência de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). As andanças resultaram no
filme institucional "Via Brasil".
Mas Bernardes achou que,
"com todas as milhares de horas
de imagens captadas", havia ficado "devendo outro filme ao povo
brasileiro". Pretende saldar a dívida com o longa "Uiraquitã".
"Nósenãonós3Telas" é um aperitivo e introdução do longa, que
está em preparação. Nessa "videosinfonia", como se define o
trabalho que ocupa uma sala do
Centro Cultural Banco do Brasil,
o cineasta divide seu foco em três
grandes questões: as cidades, o
campo e o meio ambiente.
Para cada aspecto, Bernardes
tem diagnóstico cortante, e a forma de apresentá-los ambiciona tirar o espectador de sua inércia.
"Sofremos de acefalia urbana.
Falta pensamento sobre as nossas
cidades, onde vivem 80% dos brasileiros. Tudo o que se faz é eleitoreiro, é esparadrapo, não há análise de novos modelos", diz.
As cidades estão presentes com
tomadas aéreas das favelas, incursões pedestres por suas vielas e o
registro de um "bonde" (ação coletiva de roubo e agressões).
No quesito do meio ambiente,
Bernardes acha que o Brasil vive
"o descalabro". "A terra do meio
do Pará já vai embora, com uma
derrubada impiedosa, e parece
que ninguém percebe."
Para tornar a questão menos
abstrata ao espectador urbano,
Bernardes decidiu "derrubar na
motosserra um apartamento inteiro -o sofá, os móveis, os eletrodomésticos".
Quanto ao campo, o cineasta
avalia que o país "ainda está nas
sesmarias". Sobre esse assunto,
Bernardes apresenta menos uma
crítica e mais uma exaltação ao
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). "Eles
querem terra para plantar. Acho
legítimo."
O cineasta diz que usa "ao bel-prazer o documentário e a ficção
simultaneamente". Entende que
essa é a maneira mais adequada
para tratar questões complexas.
"Não existe um "explicador de
Brasil'", afirma.
(SA)
NÓSENÃONÓS3TELAS - videoinstalação
de Sérgio Bernardes, com música de
Guilherme Vaz. Onde: CCBB (r. Primeiro
de Março, 66, região central, Rio de
Janeiro, 0/xx/21/3808-2020). Quando:
visitação de amanhã a 6 de abril (de terça
a domingo, das 12h às 20h). Quanto:
entrada franca.
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