São Paulo, sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

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"Firewall" mescla tecnologia e violência

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A árvore genealógica de "Firewall" inclui "Horas de Desespero" (1955), sobre uma família aterrorizada por fugitivos que lhe invadem a casa, e "A Rede" (1995), talvez o primeiro a ensinar como sistemas informatizados são vulneráveis a fraudes.
O roteiro do estreante Joe Forte nasceu desse cruzamento, ao apresentar um vilão com jeito de bom moço (Paul Bettany, de "Dogville") que seqüestra a família de um executivo de banco (Harrison Ford) para forçá-lo a quebrar barreiras de segurança e transferir uma bolada para uma conta em paraíso fiscal, sem deixar rastros.
"Gosto de tecnologia, mas não sou apaixonado", afirma Forte. "No cinema, ela pode ser muito aborrecida. Interessei-me por isso ao pesquisar o tema depois que um amigo foi vítima de um caso semelhante. A parte mais difícil do roteiro foi lidar com o medo do que poderia acontecer ao personagem."
As atitudes do executivo são compreendidas pelo espectador, acredita Forte, porque se trata de um pai. "Qualquer um iria a extremos para salvar a família", diz. Na primeira parte do filme, o protagonista é acuado. Depois, reage. Com violência.
Sua mulher é interpretada por Virginia Madsen, que atribui a "Sideways - Entre Umas e Outras" o melhor momento de sua carreira. "No dia em que fui indicada ao Oscar (de atriz coadjuvante), cheguei em casa e havia um recado de um homem que se dizia Harrison Ford. Pensei que fosse alguém me gozando, mas, quando liguei de volta, percebi que era mesmo ele."
Ford a convidava para "Firewall", que a ajudou, segundo ela, a pagar dívidas. "Durante anos fui tomando dinheiro emprestado de amigos. Alguns filmes que fiz, em vez de me darem dinheiro, me tomaram um pouco", brinca.
"Dizer que Hollywood é uma fábrica seria deselegante, mas devemos lembrar que é um negócio", afirma o diretor Richard Loncraine em relação aos problemas gerados pelos altos e baixos de sua carreira. Seu longa anterior, "Wimbledon", teve desempenho comercial aquém do esperado.
"Há um problema com a personagem de Kirsten Dunst, que é muito nova para o papel, mas o filme não ficou tão divertido quanto se esperava", admite. Paul Bettany, que reencontrou Loncraine em "Firewall", vem em seu socorro:
"Como ator principal de "Wimbledon", não fui capaz de torná-lo engraçado, o que era minha inteira responsabilidade", assume ele. Em Hollywood, tamanha sinceridade só poderia mesmo ser coisa de ingleses. (SR)


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