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"Firewall" mescla tecnologia e violência
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A árvore genealógica de "Firewall" inclui "Horas de Desespero"
(1955), sobre uma família aterrorizada por fugitivos que lhe invadem a casa, e "A Rede" (1995), talvez o primeiro a ensinar como sistemas informatizados são vulneráveis a fraudes.
O roteiro do estreante Joe Forte
nasceu desse cruzamento, ao
apresentar um vilão com jeito de
bom moço (Paul Bettany, de
"Dogville") que seqüestra a família de um executivo de banco
(Harrison Ford) para forçá-lo a
quebrar barreiras de segurança e
transferir uma bolada para uma
conta em paraíso fiscal, sem deixar rastros.
"Gosto de tecnologia, mas não
sou apaixonado", afirma Forte.
"No cinema, ela pode ser muito
aborrecida. Interessei-me por isso
ao pesquisar o tema depois que
um amigo foi vítima de um caso
semelhante. A parte mais difícil
do roteiro foi lidar com o medo
do que poderia acontecer ao personagem."
As atitudes do executivo são
compreendidas pelo espectador,
acredita Forte, porque se trata de
um pai. "Qualquer um iria a extremos para salvar a família", diz.
Na primeira parte do filme, o protagonista é acuado. Depois, reage.
Com violência.
Sua mulher é interpretada por
Virginia Madsen, que atribui a
"Sideways - Entre Umas e Outras"
o melhor momento de sua carreira. "No dia em que fui indicada ao
Oscar (de atriz coadjuvante), cheguei em casa e havia um recado de
um homem que se dizia Harrison
Ford. Pensei que fosse alguém me
gozando, mas, quando liguei de
volta, percebi que era mesmo ele."
Ford a convidava para "Firewall", que a ajudou, segundo ela, a
pagar dívidas. "Durante anos fui
tomando dinheiro emprestado de
amigos. Alguns filmes que fiz, em
vez de me darem dinheiro, me tomaram um pouco", brinca.
"Dizer que Hollywood é uma fábrica seria deselegante, mas devemos lembrar que é um negócio",
afirma o diretor Richard Loncraine em relação aos problemas gerados pelos altos e baixos de sua
carreira. Seu longa anterior,
"Wimbledon", teve desempenho
comercial aquém do esperado.
"Há um problema com a personagem de Kirsten Dunst, que é
muito nova para o papel, mas o
filme não ficou tão divertido
quanto se esperava", admite. Paul
Bettany, que reencontrou Loncraine em "Firewall", vem em seu
socorro:
"Como ator principal de "Wimbledon", não fui capaz de torná-lo
engraçado, o que era minha inteira responsabilidade", assume ele.
Em Hollywood, tamanha sinceridade só poderia mesmo ser coisa
de ingleses.
(SR)
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