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New Order no Brasil, o funk'n'roll e o novo britpop
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
A superbanda inglesa New
Order está negociando uma
turnê pela América do Sul no começo de maio. O show de São
Paulo provavelmente acontecerá
no Credicard Hall ou no seu anexo para eventos maiores, o estacionamento.
Outro grande grupo veterano, o
sorumbático Sisters of Mercy, escolheu o Brasil para fechar sua
turnê mundial, comemorativa
dos 25 anos da banda. Deve vir em
maio, para duas apresentações:
São Paulo e Rio.
Rolê
A mais recente traquinagem do
funk carioca vem de... Curitiba.
Chama Bonde do Rolê o projeto
de três amigos que bota altas guitarras nas batidas da música que
desceu dos morros do Rio, ganhou a zona sul e hoje é o "hit do
verão" em programas do Luciano
Huck.
As letras são próprias, e os palavrões e o "sotaque carioca" são de
responsabilidade da vocalista Marina Ribatski, que tem um sobrenome bem longe dos termos Tigrona e Quebra-Barraco.
Em músicas como "Melô do Tabaco", "Melô do Vitiligo" ou
"Dança da Ventuinha" os produtores Rodrigo Gorky e Pedro
DEyrot derramam Alice in
Chains, Darkness e AC/DC sem
perder o rebolado (até o chão).
O negócio é que a zoeira do trio
curitibano ficou séria quando o
DJ e produtor norte-americano
Diplo (atração do festival sonarsound, em março) recebeu um
disco do Bonde do Rolê de brasileiros e foi conferir a página deles
no MySpace. O resultado é que o
Bonde do Rolê virou o primeiro
lançamento do novo selo de Diplo, Mad Decent (www.maddecent.com).
O "Melô do Tabacco" vai ser
lançado nos EUA, em single de 12
polegadas, agora em fevereiro.
O raciocínio não é complicado:
se o funk carioca pegou as batidas
"emprestadas" do hip hop old-school norte-americano, o Bonde
do Rolê agora as está devolvendo.
O novo britpop
Não é novidade neste espaço saber que a incrível safra de bandas
novas inglesas extrapola a música
e representa o resgate do sentimento britânico junto à meninada inglesa, tal qual aconteceu em
meados da década passada com a
turma do Oasis.
O sotaque regional acentuado,
de Futureheads a Maximo Park, é
rasgado e entoado sem nenhuma
vergonha na new music inglesa.
O semanário "New Music Express" vive momentos de picos de
venda como não se via desde que
os Strokes chacoalharam o rock
em 2001.
O roqueiro Preston, da atuante
bandinha Ordinary Boys, é hoje
tão famoso na Inglaterra quanto
Tony Blair, tudo porque foi destaque no recente "Big Brother" inglês, versão de celebridades. Numa mesma semana, Preston esteve na capa da musical "NME" e na
revista americana de bobagens
"Hello".
O Arctic Monkeys virou orgulho da nação porque usa com
simplicidade impressionante citações de Shakespeare em letra
que conta a história de uma garota bonita numa pista de dança.
E esgota shows em Boston, no
intransponível (para britânicos)
mercado musical norte-americano, com três meses de antecedência.
E por causa exatamente do Arctic Monkeys e de grupos como o
Kaiser Chiefs, a molecada inglesa
parou de imitar o estilo dos rappers americanos para vestir camisetas pólo da marca Lyle & Scott.
Nasce na Inglaterra o movimento
anti-Nike das roupas. Tudo por
causa do novo rock inglês.
@ - lucio@uol.com.br
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