São Paulo, sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

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POPLOAD

New Order no Brasil, o funk'n'roll e o novo britpop

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

A superbanda inglesa New Order está negociando uma turnê pela América do Sul no começo de maio. O show de São Paulo provavelmente acontecerá no Credicard Hall ou no seu anexo para eventos maiores, o estacionamento.
Outro grande grupo veterano, o sorumbático Sisters of Mercy, escolheu o Brasil para fechar sua turnê mundial, comemorativa dos 25 anos da banda. Deve vir em maio, para duas apresentações: São Paulo e Rio.

Rolê
A mais recente traquinagem do funk carioca vem de... Curitiba. Chama Bonde do Rolê o projeto de três amigos que bota altas guitarras nas batidas da música que desceu dos morros do Rio, ganhou a zona sul e hoje é o "hit do verão" em programas do Luciano Huck.
As letras são próprias, e os palavrões e o "sotaque carioca" são de responsabilidade da vocalista Marina Ribatski, que tem um sobrenome bem longe dos termos Tigrona e Quebra-Barraco.
Em músicas como "Melô do Tabaco", "Melô do Vitiligo" ou "Dança da Ventuinha" os produtores Rodrigo Gorky e Pedro DEyrot derramam Alice in Chains, Darkness e AC/DC sem perder o rebolado (até o chão).
O negócio é que a zoeira do trio curitibano ficou séria quando o DJ e produtor norte-americano Diplo (atração do festival sonarsound, em março) recebeu um disco do Bonde do Rolê de brasileiros e foi conferir a página deles no MySpace. O resultado é que o Bonde do Rolê virou o primeiro lançamento do novo selo de Diplo, Mad Decent (www.maddecent.com).
O "Melô do Tabacco" vai ser lançado nos EUA, em single de 12 polegadas, agora em fevereiro.
O raciocínio não é complicado: se o funk carioca pegou as batidas "emprestadas" do hip hop old-school norte-americano, o Bonde do Rolê agora as está devolvendo.

O novo britpop
Não é novidade neste espaço saber que a incrível safra de bandas novas inglesas extrapola a música e representa o resgate do sentimento britânico junto à meninada inglesa, tal qual aconteceu em meados da década passada com a turma do Oasis.
O sotaque regional acentuado, de Futureheads a Maximo Park, é rasgado e entoado sem nenhuma vergonha na new music inglesa.
O semanário "New Music Express" vive momentos de picos de venda como não se via desde que os Strokes chacoalharam o rock em 2001.
O roqueiro Preston, da atuante bandinha Ordinary Boys, é hoje tão famoso na Inglaterra quanto Tony Blair, tudo porque foi destaque no recente "Big Brother" inglês, versão de celebridades. Numa mesma semana, Preston esteve na capa da musical "NME" e na revista americana de bobagens "Hello".
O Arctic Monkeys virou orgulho da nação porque usa com simplicidade impressionante citações de Shakespeare em letra que conta a história de uma garota bonita numa pista de dança.
E esgota shows em Boston, no intransponível (para britânicos) mercado musical norte-americano, com três meses de antecedência.
E por causa exatamente do Arctic Monkeys e de grupos como o Kaiser Chiefs, a molecada inglesa parou de imitar o estilo dos rappers americanos para vestir camisetas pólo da marca Lyle & Scott. Nasce na Inglaterra o movimento anti-Nike das roupas. Tudo por causa do novo rock inglês.


@ - lucio@uol.com.br

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