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OSCAR 99
A atriz assistiu à sua indicação ao prêmio ao lado do diretor Walter Salles, em um hotel em Nova York
"Não acredito ainda", diz Fernanda
MARCELO DIEGO
de Nova York
"Não acredito ainda. Parece que
uma outra pessoa está passando
por tudo isso, não eu." Essa foi a
reação da atriz brasileira Fernanda
Montenegro ao saber de sua indicação ao Oscar de melhor atriz pela sua interpretação em "Central
do Brasil".
Montenegro assistiu ao anúncio
das indicações pela TV, em um hotel de Nova York, ao lado do marido, Fernando Torres, e do diretor
do filme, Walter Salles.
"Foi um momento de grande alegria", disse Montenegro. Ela já recebeu o Urso de Prata do Festival
de Berlim e o prêmio do National
Board of Review, anteontem, pelo
seu trabalho. Também foi indicada
ao Globo de Ouro de melhor atriz.
Mas diz que foi surpreendida pela
indicação ao Oscar.
"É muito difícil fazer parte dessa
categoria. Você tem que passar pelo crivo de uma cultura estética de
filmagem, sempre tão bonita, sempre tão protegida, de tanta qualidade. É uma linguagem diferente,
que às vezes não é percebida em
um filme estrangeiro. Além disso,
há o trabalho das outras atrizes,
grandes interpretações também.
Realmente eu não esperava a indicação e acho que já é uma grande
vitória", afirmou.
Dizendo ser uma "rata de cinema" (seu primeiro papel na tela
grande aconteceu em 1964, com "A
Falecida"), Montenegro acha que
"Central do Brasil" pode ganhar
mais um empurrão tão somente
com a indicação ao Oscar. "Todo o
mundo vai querer ver o trabalho",
afirmou.
Força nacional
O diretor Walter Salles disse que
a indicação ao Oscar é prova da
força do cinema brasileiro. "É
muito difícil para um país ter três
filmes indicados ao Oscar em menos de quatro anos", afirmou, referindo-se às indicações de "O
Quatrilho" (96) e "O Que É Isso,
Companheiro?" (98).
"Nunca criamos expectativas a
respeito do filme, para não haver
decepções totais. Digo que estou
muito alegre pela indicação, mas
vou manter a mesma postura de
serenidade até a entrega dos prêmios", disse.
Salles não quis falar sobre o filme
italiano "A Vida é Bela", tido como
o principal oponente da produção
brasileira. "Não seria elegante. Como já disse antes, o território do
Oscar, para mim, é uma terra estrangeira. Eu não sei como funciona", afirmou.
"Um dos grandes motivos de satisfação hoje é que o mundo poderá desfrutar do talento excepcional
da Fernanda Montenegro", disse
Salles, sobre a indicação da atriz à
estatueta.
O diretor volta hoje ao Brasil.
Depois do Carnaval, irá a Vitória
da Conquista, na Bahia, agradecer
o apoio da cidade à realização de
"Central do Brasil".
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