São Paulo, Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 1999
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ANÁLISE
Benigni é o favorito em 99

AMIR LABAKI
de Nova York

A marca de sete indicações ao Oscar da tragicomédia italiana "A Vida É Bela", de Roberto Benigni, estabeleceu um novo recorde para um filme de língua não-inglesa e pode favorecer um prêmio para "Central do Brasil, de Walter Salles.
"A Vida" é também apenas a segunda produção na história a ser indicada simultaneamente para as categorias de melhor filme e melhor filme estrangeiro ("Z", de Costa-Gavras, de 69, que ganhou como melhor filme estrangeiro).
O filme de Benigni não é o favorito para o Oscar principal. Com 13 indicações e ascendente campanha nos EUA, "Shakespeare Apaixonado" sai na frente. É bom lembrar que jamais uma produção em língua não-inglesa levou o Oscar de melhor filme -e "A Vida" é apenas o sexto título a obter uma indicação desse tipo.
Benigni não sai da festa com as mãos abanando. Além das disputas acima, concorre aos prêmios de ator e diretor. O britânico Ian MacKellan ("Gods and Monsters") é seu principal rival para o primeiro.
Tudo somado, "A Vida" é o favorito na categoria de melhor filme estrangeiro, mas a multiplicação de prêmios possíveis diminui a responsabilidade específica dessa disputa. Pode perder aqui e ganhar lá.
É essa a grande chance de "Central". A dupla indicação de ontem já foi uma enorme demonstração de força. De todos os quase 30 prêmios que já recebeu, apenas o também duplo triunfo em Berlim 98 chega perto em prestígio.
"Central" corre por fora com as qualidades de vencedor e sem o peso do favoritismo. A histórica indicação de Fernanda Montenegro soma vários pontos. A possibilidade do primeiro Oscar para uma cinematografia de porte como a brasileira conta outros tantos. O currículo do produtor Arthur Cohn, premiado três vezes pela Academia, já começou a demonstrar seu peso.
Ao indicar Fernanda Montenegro, a Academia apenas faz justiça a uma das maiores atrizes do planeta, ponto. Apenas nove atrizes que desempenharam em língua não-inglesa a precederam na disputa da categoria -intérpretes da estatura de Liv Ullmann, Catherine Deneuve e Sophia Loren. Dessas, só Loren ganhou ("Duas Mulheres", 1961).
Das concorrentes, apenas Meryl Streep, com 11 indicações e dois Oscars, joga na mesma categoria de Montenegro. Dessa vez o filme ("Um Amor Verdadeiro") não a ajuda. O contrário acontece com Gwyneth Paltrow, escorada pelo triunfo no Globo de Ouro.
Depois da exagerada concentração de prêmios em torno de "Titanic" (11) em 98, a pulverização deve ser a tônica do ano.


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