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ANÁLISE
Benigni é o favorito em 99
AMIR LABAKI
de Nova York
A marca de sete indicações ao
Oscar da tragicomédia italiana
"A Vida É Bela", de Roberto
Benigni, estabeleceu um novo
recorde para um filme de língua não-inglesa e pode favorecer um prêmio para "Central
do Brasil, de Walter Salles.
"A Vida" é também apenas a
segunda produção na história a
ser indicada simultaneamente
para as categorias de melhor
filme e melhor filme estrangeiro ("Z", de Costa-Gavras, de 69,
que ganhou como melhor filme
estrangeiro).
O filme de Benigni não é o favorito para o Oscar principal.
Com 13 indicações e ascendente campanha nos EUA, "Shakespeare Apaixonado" sai na
frente. É bom lembrar que jamais uma produção em língua
não-inglesa levou o Oscar de
melhor filme -e "A Vida" é
apenas o sexto título a obter
uma indicação desse tipo.
Benigni não sai da festa com
as mãos abanando. Além das
disputas acima, concorre aos
prêmios de ator e diretor. O
britânico Ian MacKellan
("Gods and Monsters") é seu
principal rival para o primeiro.
Tudo somado, "A Vida" é o
favorito na categoria de melhor
filme estrangeiro, mas a multiplicação de prêmios possíveis
diminui a responsabilidade específica dessa disputa. Pode
perder aqui e ganhar lá.
É essa a grande chance de
"Central". A dupla indicação
de ontem já foi uma enorme
demonstração de força. De todos os quase 30 prêmios que já
recebeu, apenas o também duplo triunfo em Berlim 98 chega
perto em prestígio.
"Central" corre por fora com
as qualidades de vencedor e
sem o peso do favoritismo. A
histórica indicação de Fernanda Montenegro soma vários
pontos. A possibilidade do primeiro Oscar para uma cinematografia de porte como a brasileira conta outros tantos. O
currículo do produtor Arthur
Cohn, premiado três vezes pela
Academia, já começou a demonstrar seu peso.
Ao indicar Fernanda Montenegro, a Academia apenas faz
justiça a uma das maiores atrizes do planeta, ponto. Apenas
nove atrizes que desempenharam em língua não-inglesa a
precederam na disputa da categoria -intérpretes da estatura
de Liv Ullmann, Catherine Deneuve e Sophia Loren. Dessas,
só Loren ganhou ("Duas Mulheres", 1961).
Das concorrentes, apenas
Meryl Streep, com 11 indicações e dois Oscars, joga na mesma categoria de Montenegro.
Dessa vez o filme ("Um Amor
Verdadeiro") não a ajuda. O
contrário acontece com
Gwyneth Paltrow, escorada pelo triunfo no Globo de Ouro.
Depois da exagerada concentração de prêmios em torno de
"Titanic" (11) em 98, a pulverização deve ser a tônica do ano.
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