São Paulo, sábado, 10 de março de 2001

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ARTES

Salvador, Curitiba e Recife, as outras cidades envolvidas, mantêm entidade como intermediária nas negociações

Rio tira Brasil + 500 do projeto Guggenheim

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Edemar Cid Ferreira (esq.), o arquiteto Frank O. Gehry e Thomas Krens, em visita ao Rio de Janeiro




CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Associação Brasil + 500 está fora das negociações para a construção de uma filial do museu Guggenheim no Rio de Janeiro. Divergências entre o prefeito do Rio, Cesar Maia, e Edemar Cid Ferreira, presidente da associação, levaram a cidade a optar por se afastar da associação.
O secretário de Urbanismo do Rio, Alfredo Sirkis, contestou os custos do estudo de viabilidade que a instituição entregou ao Rio -de US$ 2,9 milhões, sendo que US$ 591 mil seriam destinados à associação. Também receberam os estudos as cidades de Recife, Salvador e Curitiba, que pleiteiam a sucursal do museu.
"O clima de rivalidade era uma sopa no mel para quem quer fazer o jogo e cobrar valores tão altos para a intermediação. A associação levaria quase R$ 5 milhões das quatro prefeituras. Sei que a associação pagou a vinda de arquitetos e técnicos do Guggenheim para o Brasil e bancou um jantar para 80 pessoas em Nova York. Mas isso jamais chegaria a tal valor", diz Sirkis.
Na última terça-feira, a associação mandou uma carta ao prefeito do Rio abrindo mão da intermediação com o Guggenheim. O texto diz que a instituição "nunca foi, não é e não será obstáculo" a uma negociação direta da prefeitura com o Guggenheim.
"Fizemos cada projeto com orientação do próprio museu, como foi feito em Bilbao. A associação é uma entidade sem fins lucrativos. O valor que destinamos a ela é para ressarcimento dos gastos que já tivemos", afirma Armin Lore, coordenador do assunto na associação.
A polêmica não se estendeu aos demais interessados no projeto Guggenheim. O governador do Paraná, Jaime Lerner, afirma que a situação de Curitiba é diferente das outras no páreo.
"Já temos um edifício de Oscar Niemeyer pronto, com 30 mil m2. Nossa proposta é que o Guggenheim ocupe esse prédio, o que faz com que não sejam necessários gastos com um estudo de viabilidade. Temos a condição de fazer o museu estar em funcionamento em um ano", diz Lerner, que não pensa em abrir mão da interlocução com o Guggenheim feita por meio da Associação Brasil + 500. "É o museu que diz com quem negociar."
Não seria a primeira vez que uma sucursal do museu ocuparia um edifício já pronto. Em Berlim, está numa pequena área do Deutsche Bank. Caso o Guggenheim não aceite a proposta, o governador irá criar a instituição de qualquer forma. "O nosso museu poderá funcionar por meio de parcerias, já iniciamos a desocupação dos órgãos públicos que funcionam lá", diz.
Em Salvador, Manoel Lorenzo, secretário de Planejamento, diz que recebeu um projeto de viabilidade de US$ 2,2 milhões. "Um valor alto, mas compreensível diante da complexidade da realização. Estamos analisando a proposta e buscando parcerias na iniciativa privada".
O provável local a ser destinado ao museu é na encosta da praça Castro Alves, um consenso entre o arquiteto Frank O. Gehry e a prefeitura da cidade. "Seria uma forma de renovação da cidade baixa", diz Lorenzo.
Em Recife, o secretário de Cultura, Roberto Peixe, afirma que a prefeitura estuda o que fazer com o projeto de viabilidade enviado pela associação, no valor de US$ 1,9 milhão.
"Já temos um espaço provável, entre o Recife antigo e Olinda, na zona portuária. O Guggenheim seria a âncora de várias iniciativas a serem implantadas lá. Somente no fim do mês teremos uma definição sobre a proposta da associação", diz Peixe.


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