São Paulo, sábado, 10 de março de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA

Documentaristas desistem de boicote a prêmio

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Associação Brasileira de Documentaristas e Curtas-Metragistas voltou atrás em sua ameaça de boicote, reconciliou-se com a Petrobras e marcou presença no concurso da empresa, que financiará a produção de nove curtas e cujo prazo de inscrição terminou ontem.
Por discordar de alguns pontos do edital que regulamenta a competição, a ABD -que reúne aproximadamente 500 associados no país- havia anunciado sua disposição de não participar do programa Petrobras Cinema, para o qual está previsto um investimento total de R$ 4 milhões, sendo R$ 400 mil na atual etapa, de financiamento à produção. O maior montante está reservado à exibição de curtas no circuito comercial de salas.
Numa reunião entre a empresa e a entidade, realizada no mês passado, ficou decidido que a Petrobras alteraria alguns critérios que desagradavam aos cineastas, como a ordem de liberação das parcelas de financiamento e o veto à inscrição de pessoas físicas.
Mas o principal ponto de discordância era relativo aos direitos da patrocinadora de comercialização dos filmes por ela incentivados. A ABD entendia que o autor do curta seria prejudicado pela concessão à Petrobras do direito de comercializar seu trabalho.
"Nesse caso, achamos que houve (por parte da ABD) uma compreensão distorcida ou mais radical do que postulava o edital. A Petrobras tinha intenção de usar os trabalhos numa escala mínima, institucional", diz Romildo Nascimento, responsável pela área de Cinema na Gerência de Patrocínios da Petrobras.
"No Brasil, tudo é tão complicado que a gente tende a criar uma visão pejorativa das coisas, por má interpretação. Mas a Petrobras abriu mão de qualquer exploração comercial dos filmes", diz Paulo Halm, vice-presidente da ABD.
Nascimento informa que o número de inscritos no concurso só deverá ser conhecido dentro de duas semanas. "Uma equipe está avaliando a adequação das propostas aos critérios estabelecidos e tabulando os dados", diz. O programa destinará R$ 40 mil à realização de nove projetos selecionados. O mesmo valor será oferecido a um autor de renome (cuja identidade a Petrobras ainda não revela) para a realização de projeto livre de concorrência. A avaliação dos trabalhos inscritos caberá a um júri de cinco especialistas.


Texto Anterior: Artes: Rio tira Brasil + 500 do projeto Guggenheim
Próximo Texto: Livros/Lançamentos - "Tiros na Noite" : Coletânea traz contos atípicos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.