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CINEMA
Documentaristas desistem de boicote a prêmio
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
A Associação Brasileira de Documentaristas e Curtas-Metragistas voltou atrás em sua ameaça de
boicote, reconciliou-se com a Petrobras e marcou presença no
concurso da empresa, que financiará a produção de nove curtas e
cujo prazo de inscrição terminou
ontem.
Por discordar de alguns pontos
do edital que regulamenta a competição, a ABD -que reúne aproximadamente 500 associados no
país- havia anunciado sua disposição de não participar do programa Petrobras Cinema, para o
qual está previsto um investimento total de R$ 4 milhões, sendo R$
400 mil na atual etapa, de financiamento à produção. O maior
montante está reservado à exibição de curtas no circuito comercial de salas.
Numa reunião entre a empresa
e a entidade, realizada no mês
passado, ficou decidido que a Petrobras alteraria alguns critérios
que desagradavam aos cineastas,
como a ordem de liberação das
parcelas de financiamento e o veto à inscrição de pessoas físicas.
Mas o principal ponto de discordância era relativo aos direitos
da patrocinadora de comercialização dos filmes por ela incentivados. A ABD entendia que o autor do curta seria prejudicado pela concessão à Petrobras do direito de comercializar seu trabalho.
"Nesse caso, achamos que houve (por parte da ABD) uma compreensão distorcida ou mais radical do que postulava o edital. A
Petrobras tinha intenção de usar
os trabalhos numa escala mínima,
institucional", diz Romildo Nascimento, responsável pela área de
Cinema na Gerência de Patrocínios da Petrobras.
"No Brasil, tudo é tão complicado que a gente tende a criar uma
visão pejorativa das coisas, por
má interpretação. Mas a Petrobras abriu mão de qualquer exploração comercial dos filmes",
diz Paulo Halm, vice-presidente
da ABD.
Nascimento informa que o número de inscritos no concurso só
deverá ser conhecido dentro de
duas semanas. "Uma equipe está
avaliando a adequação das propostas aos critérios estabelecidos
e tabulando os dados", diz. O programa destinará R$ 40 mil à realização de nove projetos selecionados. O mesmo valor será oferecido a um autor de renome (cuja
identidade a Petrobras ainda não
revela) para a realização de projeto livre de concorrência. A avaliação dos trabalhos inscritos caberá
a um júri de cinco especialistas.
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