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LIVRO/LANÇAMENTO
TRIBUTO
Biógrafo do compositor dá palestra e faz tarde de autógrafos em São Paulo; Osesp interpreta "Missa em Si Menor"
Bach é homenageado em concerto e livro
IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Quando o assunto é música, nada melhor do que música para
ilustrar o papo. O suíço Franz
Rueb lança hoje, na sala São Paulo, o livro "48 Variações sobre
Bach", em palestra e tarde de autógrafos seguida de apresentação
da Orquestra Sinfônica do Estado
de São Paulo.
Rueb dá sua conferência às
14h30, em alemão ("não consigo
falar de Bach em outra língua",
justifica-se), com tradução realizada pelo Instituto Goethe.
Para participar, basta ter o ingresso para o concerto, às 16h30,
que terá no programa a "Missa
em Si Menor", com regência de
John Neschling e a soprano francesa Véronique Gens.
Resultado de dois anos e meio
de trabalho, o livro foi lançado em
fevereiro de 2000, em meio às comemorações do 250º aniversário
de morte do compositor.
Que não se esperem análises
técnicas profundas, nem "musicologuês" do livro. "Não sou historiador da música nem musicista", afirma. "Na música, sou um
autodidata, algo que Bach era."
Em linhas gerais, Rueb produziu uma obra apaixonada e glorificadora do compositor alemão
(que ele chama de "Kunstgott",
deus da arte). O contexto histórico e a posição social do compositor estão bem delimitados, e há
discussões interessantes sobre a
ideologia de Bach, como sua relação com o Iluminismo, com o anti-semitismo e sua religiosidade.
E, se falta profundidade na análise da música instrumental de
Bach, Rueb compensa investigando entre texto musical e texto literário nas cantatas e oratórios, dedicando-se a mapear a vida e a
produção de seus libretistas.
Este tipo de aproximação talvez
se explique pela biografia de
Rueb. Tendo atuado como dramaturgo em Berlim, o suíço passou ao jornalismo, trabalhando
como crítico de teatro e cinema.
Posteriormente, virou um escritor especializado em história da
cultura, com enfoque nos séculos
15, 16 e 17. "Há muito tempo queria escrever sobre Bach", diz.
"Ocupei-me dele nos últimos dez
anos, especialmente das obras vocais. Já tinha a palavra "variações"
na cabeça, e desenvolvi lentamente o conceito a partir de meu método de pesquisa."
Variação era uma das formas
musicais preferidas de Bach. Para
cada tema abordado, Rueb organizou um pasta com notas e esboços. "Elas eram 50 ou 60. Optei pelo número de 48 porque são duas
vezes os 24 prelúdios e fugas do
"Cravo Bem-Temperado" (principal obra de Bach para teclado)."
Essas notas e esboços foram resultados de pesquisas feitas fundamentalmente nas bibliotecas
da cidade de Rueb, Zurique. "Passei ainda quatro semanas em
Leipzig (onde Bach morou de
1723 até sua morte, em 1750), pesquisando o Arquivo Bach", conta.
Que não se esperem do livro,
contudo, informações inusitadas.
"De novo, não há nada", admite o
autor. Por que, então, fazer um
novo livro? "Há grandes temas
como Napoleão, Revolução Francesa, Mozart, Michelangelo, Bach,
que são infindáveis", responde.
"É sempre possível trazer novos
pontos de vista."
Sua preocupação maior, no livro, é livrar Bach dos "clichês"
dos quais o compositor é "vítima". "A história da recepção de
sua música é condicionada pelas
correntes da época, do espírito da
época, das tendências, dos desejos
que nele foram projetados etc.."
Evento: palestra e tarde de autógrafos
com Franz Rueb, autor de "48 Variações
sobre Bach", e concerto da Osesp
Quando: hoje, às 14h30
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes,
s/nº, tel. 0/xx/11/3337-5414)
Quanto: de R$ 10 a R$ 30
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