São Paulo, sábado, 10 de março de 2001 |
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TRECHOS "As freiras deixaram de olhar para a mesinha de cabeceira. Olhavam agora para mim, sem pena nem interesse, porém com certo estupor. Elas também sabiam. Então, só para conferir, olhei com atenção o vidro de compota; aquilo não era calda, mas álcool, sujo de sangue. Imerso nele, boiando como um peixe sem vísceras -e cego: ele." "A mulher pouco se importava com a historicidade do momento. Queria se ver livre de mim -no que coincidia com a minha vontade. Eu também queria dar o fora, não por medo da outra mulher que iria chegar, mas por náusea. Náusea do cheiro de alfazema, náusea daquele quarto abafado, náusea até mesmo daquele colchão macio que me descansara e ao qual eu deveria estar grato. Isso sem falar da náusea física das mãos, as mesmas que haviam masturbado aquela mulher medonha, com sua medonha vulva. E por cima de tudo a náusea maior, que sempre ficava em mim, depois de tudo." DE "PILATOS", romance de Carlos Heitor Cony Texto Anterior: Literatura: Cony volta a se render a "Pilatos" Índice |
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