São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2003 |
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Premiado cineasta Aki Kaurismäki usa história de desmemoriado para evidenciar os excluídos da Finlândia Filosofia do esquecimento
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRADA Um estranho, sem nome, sem passado, sem lugar no mundo, tal qual todos os miseráveis que estão na frente da câmera do diretor Aki Kaurismäki, 46, no longa "O Homem sem Passado". A vida desse homem misterioso, que quase morre ao levar uma surra durante um assalto, será o norte de um passeio pelo lado suburbano da rica Finlândia. "Os sem-teto são pessoas que eu conheço de cor e sinto que fazem parte do equilíbrio em meu emprego desonesto", afirma, com seu habitual estilo seco e mal-humorado, em entrevista à Folha. Vindo de uma cidadezinha do sul finlandês, Kaurismäki teve uma variedade de empregos -incluindo lavador de pratos e carteiro- antes de se tornar cineasta, em 1981. Ao lado do irmão mais velho, Mika, fundou a produtora Villealfa, em tributo ao filme "Alphaville", do colega francês Jean-Luc Godard. Durante os anos 80, os dois eram responsáveis por um quinto da produção cinematográfica do país. O 13 representou para Kaurismäki um número de sorte. Foi com o 13º longa de sua carreira que se consagrou em Cannes, em maio passado, ao receber o Grande Prêmio do Júri. E é com ele que, no próximo dia 23, concorre ao Oscar de filme estrangeiro, em Los Angeles. "Não me importo com nada disso", diz, "filmes não são cavalos de corrida". Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Cinema: Solidão fecha "trilogia da exclusão" de Kaurismäki Índice |
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