São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2004

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OUTRA FREQÜÊNCIA

FM pop "misteriosa" surge no dial de São Paulo

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ouvintes mais atentos já perceberam: surgiu uma nova FM pop no congestionado dial da Grande São Paulo.
Em bate-papos na internet, o assunto quente dos últimos dias tem sido a "misteriosa" 94,1 MHz. "Alguém poderia me dizer, por favor, que rádio é essa!?", pergunta um. "É a pirata mais potente da cidade", arrisca outro.
A tal estação entrou no ar às 18h do dia 29 de fevereiro. Ainda em caráter experimental, toca hits do rock, pop e dance, num estilo que vai da 89 FM à Jovem Pan.
É mais uma estação lançada pelo poderoso grupo CBS, do empresário Paulo de Abreu, dono de dez emissoras na Grande São Paulo, entre elas a Kiss (102,1 MHz), a Scalla (92,5 MHz) e a Tupi (104,1 MHz). Ele é conhecido no mercado pelo costume de promover "dança das cadeiras", trocando repentinamente suas emissoras de lugar no dial.
A 94,1 MHz, antes ocupada por programação gospel, só foi regularizada recentemente, por determinação da Justiça, segundo a assessoria da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). A concessão, de acordo com a agência, havia sido caçada pelo governo militar (1964-1985). Uma decisão judicial obrigou o Ministério das Comunicações a conceder a rádio novamente ao empresário.
Por enquanto, a nova FM utiliza transmissor de baixa potência e sua sintonia é deficiente em regiões mais afastadas do centro. Deverá passar para um cinco vezes mais potente a fim de atingir com clareza toda a Grande SP.
A "equipe" da rádio ainda é restrita ao diretor, Ricardo Henrique, 42, e seu computador. Ele está selecionando locutores e programadores e deverá estrear oficialmente a estação até o final de março, com o nome de 94 FM.
Segundo Henrique, seus principais concorrentes serão Jovem Pan (100,9 MHz), Mix (106,3), Transamérica (100,1), Metropolitana (98,5) e 89 FM (89,1).
Ele diz não temer a disputa acirrada do gênero pop nem a crise das gravadoras -uma das principais fontes de renda de FMs. "Rádio que sobrevive de gravadora está perdida. Queremos delas apoio, liberação de artistas para shows", afirma Henrique, ex-89, Pan e Nativa, entre outras.
Tudo o que já domina o dial vai ter lugar garantido na 94 -Titãs, Paralamas, CPM 22, Charlie Brown Jr. e por aí vai. A badalada dupla de rap Outkast também tem vez. E, claro, os flashes dos anos 80. Como ganhar audiência e anunciante então? "Dá para tocar o mesmo tipo de música, mas escolher títulos diferentes. E usaremos uma nova linguagem", diz.
Façam suas apostas.

@ - laura@folhasp.com.br


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