São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2008

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Sem controle

A banda britânica Joy Division e seu vocalista, Ian Curtis, são tema de documentário e de longa que serão exibidos no Brasil

Divulgação
Sam Riley interpreta Ian Curtis no filme "Control', de Anton Corbijn; o vocalista do Joy Division cometeu suicídio em 1980


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles lançaram apenas dois discos, a banda existiu por apenas pouco mais de três anos e tinha como líder uma figura arredia. Foi o que bastou para o Joy Division motivar a realização de dois recentes filmes e modelar uma bem-vinda sombra no rock atual.
As telas de cinema do Brasil exibirão duas produções que cercam a banda. Uma é "Joy Division", com direção de Grant Gee (o mesmo do minidocumentário "Meeting People Is Easy", do Radiohead), que é um dos destaques da 13ª edição do festival de documentários É Tudo Verdade. O evento acontece em São Paulo (entre 26 de março e 6 de abril), no Rio de Janeiro e em Brasília.
A outra produção é "Control", longa ficcional baseado na vida de Ian Curtis. O filme marca a estréia do fotógrafo Anton Corbijn na direção cinematográfica -ele fez, entre outras, a capa do disco "The Joshua Tree" (1987), do U2, e dirigiu mais de 80 clipes de bandas.
"Control" foi exibido em concorridas sessões na Mostra de Cinema de São Paulo de 2007, e entra em cartaz em 16 de maio -dois dias antes do aniversário da morte de Curtis (1956-80).
A intensidade de seus dois únicos discos de estúdio, "Unknown Pleasures" (1979) e "Closer" (1980), reverbera no pop atual -sem Joy Divivion, uma banda como o Interpol, que amanhã inicia turnê no Brasil, estaria desorientada.
Anton Corbijn e Grant Gee falaram à Folha sobre os filmes que produziram e (um pouco) sobre o filme do outro.
Corbijn a respeito de "Joy Division": "Sim, assisti ao documentário. É muito bom, é legal que ele exista. É um documentário sobre uma banda, tem um objetivo diferente do meu filme". Gee sobre "Control": "Filme ótimo. Mas sinto dificuldade em falar sobre "Control", pois às vezes penso que ele trata de um assunto completamente diferente do que abordei no documentário".
A temática de ambos os filmes é próxima, mas um não atravessa o território do outro.
"Joy Division" busca em imagens antigas (como cenas históricas do primeiro show dos Sex Pistols em Manchester, em 1976, no qual estavam Ian Curtis, Bernard Sumner e Peter Hook) e em entrevistas com gente próxima à banda os combustíveis para esquadrinhar a trajetória e contextualizar a importância do grupo.
Com a ajuda de atores, "Control" narra especificamente a vida de Ian Curtis. O filme é apoiado quase inteiramente por "Touching from a Distance", livro de memórias escrito pela viúva de Curtis, Deborah.
(Coincidência ou não, em "Control" a presença de Annik Honoré, a amante belga de Curtis, é menos proeminente do que em "Joy Division".)
Há três anos Corbijn iniciou a produção do longa, mas o tema o acompanha há muito tempo. Com sua câmera, saiu da Holanda, em 1979, e foi a Manchester fotografar o grupo. "Não fiz um filme para fãs do Joy Division. E não me preocupei com a reação desses fãs. Fiz o filme que eu gostaria de ver no cinema", afirma Corbijn.
Por que a fascinação com o grupo? "Eles não tiveram a oportunidade de pôr tudo a perder", opina Gee. "O que fizeram foi perfeito. Veja como se vestiam, veja as letras de Ian. Soa moderno no meu iPod."


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