São Paulo, quinta, 10 de abril de 1997.

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LETRA INÉDITA

"Diga lá. Digo eu. Diga você. Ponto é o que de si parte nenhuma há (O nada pedaço daquilo) Algo assim que pudesse estar em todos os principais e todas as transformações. Uma idéia positiva do que não há. Uma flutuação, uma pequena variação no nada. Uma insinuação de algo. O Ponto é pleno no Ponto e só. Tudo não faz parte dele. Uma Linha, pois, um comprimento sem largura.
Uma nesga contínua e mais longa de nada para formar uma borda. O que já admite consigo algo mais do que si próprio: um caminho. Duma Linha os limites são Pontos.
Quando então o caminho acaba resta o primitivo Ponto que sempre esteve ali no fim.
A Matemática é uma linguagem viva (sintética) que conduz a conclusões obscuras. Por isso é a melhor para descrever as leis obscuras de uma natureza viva (meta-lógica; Phísica).
A civilização ocidental não é muito requintada em coisa nenhuma.
Tudo para mim é viagem de volta.
Podiam-se notar uma ausência completa de transformações e um monarca asiático em visita a Londres.
É surpreendente observar como há milênios atrás o Oriente já dispunha de profundas idéias que só agora com a física dos Quanta é que o Ocidente está chegando a compreender. Crimes invisíveis sob a lua foram revelados e alguns dos movimentos iniciais jamais pressentidos vieram à tona.
Colombo deve ter sido sempre ilógico. Em outras palavras: gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Descartes não foi capaz de construir a mecânica porque era um lógico, mas Newton que foi um mágico conseguiu fazê-lo. Sim, Rio é uma palavra mágica para conjugar eternidade.
Mais uma vez mostra-se que não sabemos de onde vem a Ciência, digamos, a Ciência Fundamental. Para sempre permanecerão nos pólos mais afastados leões de pedra impenetráveis como esfinges.
Não há outro caminho para atingir a realidade a não ser através da imaginação. Tudo se faz por encontro e casualidade. E ela disse: "Beije-me, eu sou morena, mas linda". Vivo no infinito; o momento não conta.
Basta imaginar uma cadência superior e única para que se acalmem vontades mundanas. Tentemos. Ser humano em boas direções, passar pelo mundo por caminhos discretos iluminados e sim e não. Planck ficou, assim, indeciso entre ser físico ou músico. O Ritmo, a Melodia e a Harmonia são apenas uma questão de velocidade. A natureza mostrou-se estroboscópica.
A lei das cordas vibrantes foi uma das primeiras leis mecânicas formuladas matematicamente. Ela era bonita.
Melhor é o fim do discurso do que o princípio."
"Objeto Ainda Menos Identificado" (Lucas Santana-Moreno Veloso,), faixa não-incluída

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