São Paulo, sexta-feira, 10 de abril de 2009

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br

A vida 'irregular' de Coco Chanel

Audrey Tautou interpreta a estilista quando jovem no filme da francesa Anne Fontaine; atriz também é estrela de publicidade da grife dirigida por Jean-Pierre Jeunet

Ela nasceu numa família muito pobre. Quando sua mãe morreu, a garota foi entregue pelo pai a um orfanato comandado por religiosas. Ao chegar à adolescência, as freiras arrumaram para ela um emprego de balconista de loja. Mas a jovem provinciana queria mais. Tentou a vida de cantora, dançarina e atriz. Tornou-se uma cocote.
Por meio de um amante milionário, conheceu o mundo da alta sociedade, que a olhava com desprezo. Apaixonou-se ferozmente por um jovem playboy inglês, que a ajudou a estabelecer um negócio de chapéus em Paris. No auge da relação, o rapaz morreu num acidente.
A moça mergulhou no desespero e se entregou ao trabalho. De seu ateliê de costura saiu um estilo inovador que revolucionou a moda. Aos 83 anos, morreu em Paris, consagrada como a estilista mais célebre de todos os tempos.
Eis, em resumo, a história de Gabrielle "Coco" Chanel (1883-1971). É uma vida bastante romanesca, pronta para ser transferida para os livros ou o cinema. Livros, já houve muitos. Agora, é a vez dos filmes.
Nesta semana, aconteceu em Paris a première do aguardado "Coco Avant Chanel" (Coco antes de Chanel), dirigido pela francesa Anne Fontaine, com Audrey Tautou (de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain"). A estreia na Europa será no próximo dia 22. No Brasil, está previsto para chegar às telas em outubro.
O filme de Fontaine aborda sobretudo o período menos "requintado" da vida de Coco Chanel, a sua atribulada juventude. Ele foi baseado na biografia "L'Irrégulière" (a irregular), escrita por Edmonde Charles-Roux (autora de "A Era Chanel", ed. Cosac Naify).
O figurino é de Catherine Letterier, conhecida pelo trabalho em "Prêt-à-Porter" (de Robert Altman). Os 800 chapéus têm a assinatura de Stephen Jones e Pippa Cleator.
Em termos de moda, o foco é o período em que a jovem Coco se rebela contra os excessos da vestimenta feminina. "Muita maquiagem, muitos frufrus", diz ela em uma das cenas.
Para Anne Fontaine, porém, a moda não é o principal interesse do filme, mas sim a personalidade de Chanel. "Esta jovem saída do fim do mundo da província, pobre, sem educação, mas dotada de uma personalidade fora do comum, está destinada a fazer avançar a sua época, quando as mulheres se achavam presas a comportamentos alienantes", afirmou.
A estreia do filme precede em poucos dias o lançamento da nova publicidade da grife Chanel para o perfume nº 5, estrelada também por Tautou. "É apenas uma coincidência", afirmou a empresa, que não participa da produção de "Coco Antes de Chanel".
Dirigido por Jean-Pierre Jeunet (de "Amélie Poulain"), o filme "Nº 5" é uma superprodução -de custo não revelado- e levou cinco meses para ser feito. O lançamento será em maio. Na première para a imprensa, em março, em Paris (à qual a Folha compareceu), a grife recriou nos escritórios da Chanel, na rua Cambon, o vagão utilizado como cenário, que reproduz o trem Orient Express.
A "história", narrada velozmente, como em toda publicidade, fala de uma turista (Tautou) que viaja rumo à Turquia e é flertada por um rapaz (o modelo Travis Davenport), atraído por seu perfume. À noite, o desejo de Tautou aflora, enquanto o brilho do frasco do nº 5 percorre as paredes do seu quarto solitário. O "happy end" entre eles acontece numa estação em Istambul.
Para Jeunet, o filme "Nº 5" é o final de sua trilogia com Tautou -que começou com "Amélie Poulain" (2001) e seguiu com "Eterno Amor" (2004). "Quando você faz uma publicidade, há muito de cinema nela", disse. No caso dele, o contrário também é verdadeiro.


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