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Crítica
"Dillinger" de John Milius recria busca pelo mito
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O Dillinger de John Milius
(sua estreia na direção) não
tem muita relação com o Dillinger de Michael Mann (2009),
assim como o charme de Warren Oates, o ator em 1973, dificilmente seria confundido com
o de Johnny Depp.
Em "Dillinger - Inimigo
Público Nº 1" (TCM, 19h05; 12
anos), o que se sobressai é, já, a
ideia do cinema como arte
americana por excelência. Tanto o gângster como seu grande
perseguidor, Melvin Purvis, do
FBI, dão a impressão de agir
antes de mais nada para o espetáculo, para o futuro -para as
câmeras, enfim.
É como se ambos preparassem, com seus gestos, um retrato para ser visto postumamente. Um mito, em suma. A
beleza deste filme de pequeno
orçamento e muito talento
vem daí, em grande parte.
Milius desvia-se sutilmente
da ideia do bandido romântico
da Era da Depressão que dominava o início dos 1970. Era já
um conservador, mas não um
tonto. E conservador nas coisas
do cinema, nem de longe.
De resto, vamos convir que
hoje está difícil sair do TCM.
Uma boa tentativa será com "O
Amor em Fuga" (Futura,
22h30; 12 anos), de François
Truffaut, de modo a evitar o já
muito revisto "Psicose"
(TCM, 22h; 12 anos), de Hitchcock. Mas não há como não voltar ao canal às 23h55 quando
entra outra joia hitchcockiana,
um apogeu da fase inglesa: "A
Dama Oculta" (livre).
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