Com vinte anos, Bando de Teatro Olodum ganha mostra no Sesc Vila Mariana

GUSTAVO FIORATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Panfletário, sem dúvida. Já na abertura do espetáculo "Cabaré da Rrrrraça", o Bando de Teatro Olodum cumprimenta, "Boa noite, resistência. Boa noite, brancos". Adivinhem, vão falar sobre questões raciais de forma bastante direta.
O mesmo tom é empregado em "Ó Paí, Ó!" e no infanto-juvenil "Áfricas" -para fechar em três os espetáculos que o grupo baiano apresenta no Sesc Vila Mariana até o dia 18.
Faz vinte anos que a companhia apareceu no cenário soteropolitano, rascunhando dramaturgias de início amadoras, amparadas pela qualidade visual e sonora de seus espetáculos. A apologia à cultura afro ressoa em elementos cênicos sempre presentes: na percussão, nos figurinos, na dança.
"Shakespeare não tem nada a ver com a raça negra? Então a gente faz ter", brinca um dos fundadores do grupo, Jorge Washington, referindo-se à montagem de "Sonhos de uma Noite de Verão", de 1999.
Com essa identidade, a companhia firmou trajetória de sucesso. De seu corpo saiu o ator Lázaro Ramos; de seu repertório surgiu o roteiro adaptado para o filme "Ó Paí, Ó" (2007), de Monique Gardenberg. O espetáculo original vai ser apresentado no próximo fim de semana, de sexta a domingo.