São Paulo, sexta, 10 de abril de 1998

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ABRAÇO NO ABISMO

VOLTAIRE DE SOUZA

Feriadão. Movimento nas estradas. Lúcio tinha pressa. A namorada o esperava numa bela casa em Maresias. "Quer saber? Vou pelo acostamento." Acelerou seu carro bordô. Já sentia o gosto da liberdade, o cheiro do mar e o calor da amada. Ouviu um baque. Tinha atropelado o indigente Cabeção. Saiu do carro. O homem estava morto. "Caraco." Pôs nas costas o cadáver. "Jogo esse infeliz na ribanceira." O sujeito era pesado. "Eu não devia ter largado a musculação." Lúcio perdeu o equilíbrio. Rolou junto com a vítima no despenhadeiro. Não há guard rail para quem não sabe carregar a sua cruz.




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