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ABRAÇO NO
ABISMO
VOLTAIRE DE SOUZA
Feriadão. Movimento nas
estradas. Lúcio tinha pressa. A namorada o esperava
numa bela casa em Maresias. "Quer saber? Vou pelo
acostamento." Acelerou
seu carro bordô. Já sentia o
gosto da liberdade, o cheiro
do mar e o calor da amada.
Ouviu um baque. Tinha
atropelado o indigente Cabeção. Saiu do carro. O homem estava morto. "Caraco." Pôs nas costas o cadáver. "Jogo esse infeliz na ribanceira." O sujeito era pesado. "Eu não devia ter largado a musculação." Lúcio
perdeu o equilíbrio. Rolou
junto com a vítima no despenhadeiro. Não há guard
rail para quem não sabe
carregar a sua cruz.
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