São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 2000


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TELEVISÃO

Novelas estréiam com nudez e cenas "trash"

FRANCISCO MARTINS DA COSTA
Editor do TV Folha

O grande evento na TV anteontem foi a estréia de três novelas.
Na Globo, às 19h, "Uga Uga" entrou no ar da maneira mais politicamente incorreta possível. Na cena inicial, um grupo de índios, sem nenhum motivo aparente, ataca uma trupe de antropólogos e promove uma chacina com direito a flechas de fogo, lanças e bordunas. Depois, para completar a "homenagem" aos índios brasileiros, entra o tema de abertura da novela, cantado por aborígenes da Nova Zelândia.
Aí a trama se transfere para o Rio, e começa um festival de peitos nus, bundas peludas de fora, coxas, piadas maliciosas e tudo aquilo que sempre recheia as novelas de Carlos Lombardi, inclusive os diálogos rápidos, irônicos e engraçados (pena que essa parte sempre dure apenas até o 30º capítulo, no máximo. Depois disso, em geral, suas tramas descambam e se perdem por completo).
Há quem diga que "Uga Uga" repete alguns personagens de outras novelas de Lombardi, mas o fato é que o feirante Beterraba não é igual ao mecânico Raí, de "Quatro por Quatro". O que acontece é que Marcelo Novaes é tão limitado como ator que só consegue fazer um tipo, sempre. Ele é o novo Mário Gomes de Lombardi.
O mesmo se aplica a Humberto Martins, que só ficou de camisa em uma cena -nas demais, ficou mostrando o "talento" de seus pelos e músculos.
Mais tarde, na Record, estreou "Marcas da Paixão". A produção, ainda inferior à das novelas globais, mostrou um avanço em relação às tramas exibidas pela própria Record nos últimos anos, realizadas pela produtora JPO.
Com um elenco recheado de nomes do segundo escalão da Globo (assim como "Uga Uga", aliás), a novela exibiu cenas bucólicas e bem feitas no Nordeste e no interior de São Paulo. O auge foi a perseguição no final do primeiro capítulo, empolgante e bem filmada. Mas aí, na hora da explosão do avião, tudo se transformou num filme trash daqueles! Lembrou a cena em que o shopping center de "Torre de Babel" foi pelos ares. Só faltou o Jamanta gritando "O Walmor Chagas morreu! O Walmor Chagas morreu!".
Por fim, no SBT, "A Mentira" mostrou que, no México, a fábrica de novelas tem um só molde. Tem sempre o bonzinho, a malvada, o rico inescrupuloso, a pobrezinha honesta e aqueles diálogos, figurinos e cenários de quinta.
A única atração dessa novela é o ator brasileiro Guy Ecker, galã de dramalhões de sucesso na Venezuela e no México. Mas é cômico vê-lo dublado em português.


"Uga Uga":      
"Marcas da Paixão":      
"A Mentira": *


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