São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 2000


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Documentário enfoca 15 meses de história do pré-assentamento

DO ENVIADO A ARAPONGAS (PR)

Para contar a história dos 15 meses do pré-assentamento Dorcelina Folador, em Arapongas (PR), os sem-terra, naturalmente, decidiram utilizar a própria área para locações.
A terra vermelha batida, os barracos cobertos com lona preta, a bandeira do MST hasteada num tronco de árvore logo na entrada e o milharal incipiente que forra o horizonte servem de pano de fundo para um roteiro estampado diariamente nos jornais: invasão, vigília da polícia militar, entrave burocrático com órgãos do governo que tratam da reforma agrária, assentamento... ou não.
No caso dos sem-terra da oficina de linguagem audiovisual, o processo não incluiu conflitos violentos e tampouco expulsão judicial. "É um documentário com estrutura clássica: o histórico, a chegada deles, a repercussão junto à comunidade", conta a cineasta Berenice Mendes, 40.
Em 1985, Berenice rodou "Classe Roçeira", sobre as primeiras ações do MST no Paraná. "Eu já estive com eles do outro lado da câmera, agora eles têm a chance de se apropriar de conhecimentos para contar sua própria história", afirma a diretora.
Os 31 sem-terra são orientados por uma equipe formada pela roteirista Fernanda Pompeu, a produtora Lu Rufalco, o editor Peter Norenzo e o ator Mauro Zanatta.
Apesar da escassez de recursos, Berenice acredita que as "vocações estão aflorando". "Além da terra, da comida, do trabalho e da educação, eles estão percebendo a dimensão cultural e artística".
A estudante Magna Umbelino da Silva, 23, cantará num clipe de passagem. "Eu sempre tive vontade de fazer alguma coisa, de atuar, de cantar", confessa.
Locutor de rádio comunitária em Rio Bonito Iguaçu (PR), Alex Garcia, 20, é um dos atores e já sonha com uma "TV Sem-Terra", enquanto ensaia o papel de repórter simulando uma espiga de milho como microfone. (VS)


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