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FOTOGRAFIA
Polonês Kasimir Zgorecki mostra imigrantes
Retratos de crianças mortas são destaque no Centro Cultural SP
EDER CHIODETTO
EDITOR-ADJUNTO DE FOTOGRAFIA
As raízes e as asas, tema do 5º
Mês Internacional da Fotografia,
aterrissam hoje em todos os espaços do Centro Cultural São Paulo
com nove exposições.
Entre os destaques, estão as
mostras retrospectivas do polonês Kasimir Zgorecki (1876-1980)
e do francês Jean Marquis, além
da instalação do diplomata e fotógrafo brasileiro Joaquim Paiva.
Isoladamente a exposição "Imigrantes", de Zgorecki, já vale a visita ao centro cultural. Em 1922,
aos 36 anos, Zgorecki emigra da
Polônia para a França com sua família, seguindo o destino de muitos compatriotas que procuravam em território francês melhores condições de trabalho e de vida, e ingressa numa mina de carvão.
Dois anos depois é contratado
por um estúdio fotográfico. Os
clientes eram basicamente os imigrantes poloneses que desejavam
enviar seus retratos para suas famílias na terra natal.
Muitos "Imigrantes" abriram
negócios na França e se faziam fotografar na fachada das suas lojas.
Era a forma que eles encontraram
para mostrar que haviam ascendido socialmente.
Zgorecki conseguiu uma direção de personagens tal, que dos
seus retratados emerge, sobretudo pelo olhar, uma dramaticidade
permanente.
Os retratados encaram o fotógrafo e, por consequência, quem
observa a fotografia. Trata-se de
imagens do desterro. Temor, saudade e degredo são sentimentos
que saltam dos semblantes desses
"Imigrantes".
Crianças mortas
Mas o grande destaque da exposição são os retratos de crianças
mortas. Como a distância impedia que os parentes conhecessem
as crianças nascidas no exílio, Kasimir Zgorecki era muitas vezes
contratado para fotografá-las.
Seus retratos eram enviados aos
familiares, prática comum na
época.
Longe de parecerem mórbidas,
essas fotografias mostram a
maestria de Zgorecki em criar atmosferas com cenários e luz.
As crianças eram sempre retratadas em seus berços, como se estivessem dormindo, por vezes ao
lado de seus brinquedos. É o tipo
de imagem que provoca um misto de atração e repulsa. E é também um dos melhores momentos
do evento.
Celebridades
Ao lado da exposição de Zgorecki está a mostra "Um Olhar
Venturoso", de Jean Marquis, 75,
que foi membro da mítica agência
Magnum de fotografia entre os
anos de 1953 a 1957.
Trabalhando como fotógrafo de
imprensa, Marquis fotografou
grandes celebridades como o escultor Alberto Giacometti, o músico Chet Baker, a atriz Gina Lollobrigida e os cineastas François
Truffaut e Luchino Visconti, entre
outros, além de cobrir as manifestações durante o mês de maio de
1968 na França.
Várias dessas imagens estão
presentes na mostra, que, assim
como a exposição de Zgorecki,
vieram para São Paulo após parceria firmada entre o Nafoto (Núcleo dos Amigos da Fotografia) e
o Centro Regional da Fotografia
Nord Pas-de-Calais.
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