São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 2006

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TELEVISÃO

"Big Love" gera debate entre mórmons

TETÉ RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM WASHINGTON

Ter três mulheres ao mesmo tempo, sem esconder uma da outra, deve ser o sonho de muitos homens por aí. Mas, na série "Big Love", do canal HBO, a grande novidade da TV norte-americana neste ano, Bill Hendrickson, o polígamo casado com três mulheres, tem mais conflitos que as donas-de-casa de "Desperate Housewives" e os machões de "Sopranos".
O mórmon de Salt Lake City, no Estado de Utah, interpretado por Bill Paxton, 49, é dono de duas lojas de material de construção e passa o tempo todo tendo problemas com o sogro, com o irmão ex-alcoólatra, com o cunhado violento, com uma mulher ciumenta, com outra consumista compulsiva. Como se não bastasse o medo de os vizinhos descobrirem seu estilo de vida, existe o pavor de não satisfazer sexualmente as três, interpretadas por Jeanne Tripplehorn, 42, Chloë Sevigny, 31, e Ginnifer Goodwin, 28. E dá-lhe doses de Viagra.
A série estreou com a promessa de fazer para os polígamos o que "A Sete Palmos" tinha feito para os agentes funerários: mostrar de forma humana e ao mesmo tempo crítica um estilo de vida que a maioria das pessoas nunca vai conhecer. A audiência mostrou seu apego em números: 3,5 milhões assistiram ao primeiro episódio de "Big Love".
Mas, se agradou ao público, criou polêmica entre os seguidores dos ensinamentos de Joseph Smith Jr. (1805-44), o fundador da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a igreja dos mórmons, que acreditava que os homens que vivessem honestamente com várias mulheres eram os que recebiam as maiores recompensas quando morressem.
Líderes da igreja, que rejeita a poligamia há mais de cem anos, reclamaram que o simples fato de o seriado se passar em Salt Lake City, cidade-sede dos mórmons, reforça um velho preconceito e um estereótipo que eles lutam há anos para esclarecer. Mas nem toda a polêmica foi negativa: alguns apoiadores do casamento plural, proibido nos EUA em 1890, gostaram de ver seu estilo de vida na TV, sem ser em programas jornalísticos policiais.
É o caso da viúva Anne Wilde, 70, de Salt Lake City, que foi casada duas vezes, com dois polígamos, e afirma ter sido muito feliz. "O seriado mostra um pouco da nossa cultura ao público", disse ela a um jornal local. A ONG Tapestry against Polygamy, que ajuda mulheres a se livrarem de casamentos polígamos infelizes, também anunciou seu apoio.
O sucesso de "Big Love" já rende frutos. A HBO encomendou uma segunda temporada depois de ter exibido apenas cinco episódios nos EUA. A HBO Brasil ainda não tem data prevista para a estréia do seriado, mas promete que ele será uma das novidades do canal pago.


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