|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEVISÃO
"Big Love" gera debate entre mórmons
TETÉ RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM WASHINGTON
Ter três mulheres ao mesmo
tempo, sem esconder uma da outra, deve ser o sonho de muitos
homens por aí. Mas, na série "Big
Love", do canal HBO, a grande
novidade da TV norte-americana
neste ano, Bill Hendrickson, o polígamo casado com três mulheres,
tem mais conflitos que as donas-de-casa de "Desperate Housewives" e os machões de "Sopranos".
O mórmon de Salt Lake City, no
Estado de Utah, interpretado por
Bill Paxton, 49, é dono de duas lojas de material de construção e
passa o tempo todo tendo problemas com o sogro, com o irmão
ex-alcoólatra, com o cunhado
violento, com uma mulher ciumenta, com outra consumista
compulsiva. Como se não bastasse o medo de os vizinhos descobrirem seu estilo de vida, existe o
pavor de não satisfazer sexualmente as três, interpretadas por
Jeanne Tripplehorn, 42, Chloë Sevigny, 31, e Ginnifer Goodwin, 28.
E dá-lhe doses de Viagra.
A série estreou com a promessa
de fazer para os polígamos o que
"A Sete Palmos" tinha feito para
os agentes funerários: mostrar de
forma humana e ao mesmo tempo crítica um estilo de vida que a
maioria das pessoas nunca vai conhecer. A audiência mostrou seu
apego em números: 3,5 milhões
assistiram ao primeiro episódio
de "Big Love".
Mas, se agradou ao público,
criou polêmica entre os seguidores dos ensinamentos de Joseph
Smith Jr. (1805-44), o fundador da
Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, a igreja dos
mórmons, que acreditava que os
homens que vivessem honestamente com várias mulheres eram
os que recebiam as maiores recompensas quando morressem.
Líderes da igreja, que rejeita a
poligamia há mais de cem anos,
reclamaram que o simples fato de
o seriado se passar em Salt Lake
City, cidade-sede dos mórmons,
reforça um velho preconceito e
um estereótipo que eles lutam há
anos para esclarecer. Mas nem toda a polêmica foi negativa: alguns
apoiadores do casamento plural,
proibido nos EUA em 1890, gostaram de ver seu estilo de vida na
TV, sem ser em programas jornalísticos policiais.
É o caso da viúva Anne Wilde,
70, de Salt Lake City, que foi casada duas vezes, com dois polígamos, e afirma ter sido muito feliz.
"O seriado mostra um pouco da
nossa cultura ao público", disse
ela a um jornal local. A ONG Tapestry against Polygamy, que ajuda mulheres a se livrarem de casamentos polígamos infelizes, também anunciou seu apoio.
O sucesso de "Big Love" já rende frutos. A HBO encomendou
uma segunda temporada depois
de ter exibido apenas cinco episódios nos EUA. A HBO Brasil ainda não tem data prevista para a
estréia do seriado, mas promete
que ele será uma das novidades
do canal pago.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Documentário: Especial foca no verdadeiro agente 007 Índice
|