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'O Banquete' não revela o amor
da Reportagem Local
"O Banquete", diálogo de Platão, não é cobiçado de agora pelo
teatro. Não chega a ser um "drama dialético" como outros, mas é
aquele em que o "duelo de palavras" se faz de maneira mais harmoniosa. Em que os personagens
são iguais, do trágico Ágaton ao
comediógrafo Aristófanes, do filósofo Sócrates ao belo e valoroso
Alcibíades. Não corre em torno de
um protagonista, antes confronta
"todos em posição elevada".
Entende-se o interesse declarado
em entrevista por Daniela Thomas, por exemplo; em especial,
entende-se pelo tema, o amor.
Pena que uma primeira adaptação tenha partido de um grupo
ainda iniciante, louvável que seja
sua ambição. A companhia é saída
da Unicamp, há dois anos em São
Paulo, sob a direção de Paulo Simões, também o adaptador.
O resultado é um espetáculo hesitante nas soluções cenográficas e
na interpretação. Perpassa a montagem um certo amadorismo, que
não casa com sua ambição.
Para quem está disposto a falar
do amor, da paixão, da amizade,
faltam os mesmos, na representação dos seis jovens atores. Não há
maior paixão no espetáculo, por
maior que seja o esforço.
Uma exceção talvez esteja em
Pausânias, cujo intérprete não é
identificado no programa, mas o
qual entra em cena com o desejo e
o empenho de sustentar o que fala,
de dar corpo e intensidade ao paralelo que faz entre o amor irrefletido e sensual e o amor "divino",
servidor do ser amado.
Os demais atores, do intérprete
de Fedro ao de Alcibíades, seguem
ainda longe de descobrir a caracterização, os personagens.
Muito se deve, ao que parece, à
adaptação, confusa, sem norte, sobretudo distante do que se imagina
ser a divisão central, o conflito, ao
menos no que rezam eruditos como Werner Jaeger, sobre "O Banquete": a oposição entre poesia e
filosofia, Ágaton e Aristófanes de
um lado e Sócrates de outro.
"O Banquete", na montagem,
surge como discursos díspares e
pouco teatrais sobre o amor. Antes
oratória do que poesia, e não uma
oratória convertida em poesia, como se acredita do diálogo -e só
assim permite a vitória da filosofia,
tornada poesia, sobre a poesia.
Peça: O Banquete
Quando: qua a sáb, às 21h30; dom, às
20h30
Onde: Centro Cultural São Paulo (r.
Vergueiro, 1.000, tel. 277-3611)
Quanto: R$ 8
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