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Walmor Chagas e Tônia Carrero
celebram 50 anos de carreira
free-lance para a Folha
Foi "Um Equilíbrio Delicado",
de Edward Albee, que trouxe Walmor Chagas de volta aos palcos. "A
peça é de qualidade. Foi por isso
que me animei a voltar a encenar",
diz o ator, que está completando
50 anos de carreira. Há 25 anos,
Chagas tentou montá-la com
Glauce Rocha, mas não houve condições financeiras.
"Além disso, eu tinha 40 anos na
época, e o personagem tem 60. É
difícil fazer um papel quando não
se está na idade."
O convite de Tônia Carrero fez o
ator descer a serra -ele está morando em Guaratinguetá, na serra
da Mantiqueira, interior de São
Paulo- para interpretar Tobias,
"um mauricinho velho, conformado, mas sofrendo muito".
Segundo Chagas, a peça se torna
mais interessante porque seu autor
está vivo. "Eu sou de um tempo em
que o artista, quando ia fazer teatro, tinha uma responsabilidade
intelectual muito grande porque
ele representava autores vivos. Todo nosso teatro foi feito em cima
de autores vivos e atualizados."
"Não há mais autores vivos do
nosso tempo e que nos dêem essa
responsabilidade cultural e artística. Albee está vivo. E representar
personagens criados por ele nos
faz ser não somente atores, mas
também intelectuais."
Não é a primeira vez que Chagas
monta uma peça de Albee. Com
Cacilda Becker, que morreu no dia
14 de junho de 1969, o ator interpretou "Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?", texto que fala sobre
a revolução moral dos casais.
Tônia também encenou essa peça, em 1978. "Apesar de já ter feito
Albee antes, queria interpretar Agnes nos meus 50 anos de carreira.
Ela é uma mulher muito forte e
temperamental, difícil de ser feita", diz Tônia.
A última vez que a atriz esteve
nos palcos de São Paulo foi em
1993, com o espetáculo "Ela é Bárbara", de Barrilet et Grédy, dirigido por Cecil Thiré.
Ainda para comemorar os 50
anos de profissão, a atriz pretende
montar uma peça de Tchecov. "O
Renato Borghi (ator e diretor) me
convidou para fazer "O Jardim das
Cerejeiras", de Tchecov. Quando
esse projeto se concretizar, vou estar completa", afirma Tônia. "Mas
isso não quer dizer que estarei realizada plenamente. O teatro está
sempre acima de nós. Irá sempre
faltar alguma coisa."
Teatro grego
Chagas não pretende partir para
novas montagens quando terminar a turnê de "Um Equilíbrio Delicado", que, após as 20 apresentações na capital paulista, ainda deve
ir para cidades como Porto Alegre,
Curitiba e Brasília.
Em Guaratinguetá, o ator está
construindo um teatro ao ar livre,
com 3.000 lugares, seguindo o estilo dos teatros gregos.
O empreendimento deve ficar
pronto somente daqui a dois anos.
Enquanto isso, o ator ministrará, a
partir de agosto, workshops e exercícios de representação ao ar livre,
como os de ampliação da respiração vocal.
(CG)
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