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ESTRÉIA
Atores veteranos se equilibram em Albee
CLÁUDIA GURFINKEL
free-lance para a Folha
Um texto que mostra uma família de classe alta que enfrenta problemas como a síndrome do pânico, o medo de viver, a bebida, o fracasso, a solidão, a violência e a crise familiar.
Assim é "Um Equilíbrio Delicado", do dramaturgo norte-americano Edward Albee, peça que Tônia Carrero escolheu para comemorar, ao lado de Walmor Chagas,
seus 50 anos de carreira.
Com direção de Eduardo Wotzik, o espetáculo estréia hoje para
convidados (para o público no sábado) em São Paulo, no Teatro Alfa, após temporada de quatro meses no Rio. Escrita em 1966, a peça
garantiu a Albee o Prêmio Pulitzer
(um dos mais importantes dos Estados Unidos na área das letras),
três Tony (considerado o Oscar do
teatro) e três Drama Desk.
A montagem, que está sendo encenada pela primeira vez no Brasil,
marca um encontro inédito nos
palcos. Tônia e Chagas só haviam
contracenado na novela "O Amor
É Nosso", em 1981, na Rede Globo.
A atriz interpreta Agnes, matriarca de uma família acomodada
com seus problemas e tentando viver em um equilíbrio aparente. Ela
mora com o marido, Tobias (Walmor Chagas), e a irmã alcoólatra,
Claire (Íttala Nandi). Mas a chegada de um casal de amigos, Edna
(Camilla Amado) e Harry (Luís de
Lima, que fez a tradução da peça
em 1977), abala as estruturas desse
"equilíbrio delicado".
A situação piora com a chegada
da filha do casal, Júlia (Clarice Niskier), que volta para casa após o
fim de seu quarto casamento. "Albee traz à tona o problema do direito à privacidade e as obrigações
da amizade", afirma Lima.
Segundo Wotzik, o espectador
será colocado cara a cara com uma
família que está dentro de uma sala, sem uma televisão ligada. "Eles
são obrigados a conversar e acabam descobrindo seus desafetos."
"Sempre quis fazer Agnes, desde
a primeira vez que li o texto, há 20
anos", diz Tônia. "E, para comemorar meus 50 anos de teatro, eu
tinha de escolher um texto que eu
ainda não tivesse realizado e que
fosse de meu folclore pessoal."
O elenco escolhido para a montagem foi um desafio para o diretor.
"Cada um dos atores pertenceu a
uma escola diferente do teatro brasileiro, além de serem de gerações
diferentes", diz Wotzik.
Íttala fez parte do Oficina por dez
anos. Camilla fez um teatro independente na época do regime militar, dedicando-se apenas a montagens de autores brasileiros. Luís de
Lima foi o pioneiro na representação, no Brasil, de Ionesco -pai do
teatro do absurdo. Tônia e Chagas
participaram do Teatro Brasileiro
de Comédia (TBC) e montaram
suas próprias companhias (veja ao
lado). Clarice é de nova geração de
atores brasileiros.
Albee desafiou os EUA
Nascido em 1928, Albee viu seu
primeiro trabalho, "Zoo Story"
(1958), estrear, em 1959, em Berlim, após ter sido rejeitado em Nova York. O autor atingiu a fama
com "Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?", em 1962. A peça já foi
encenada por Chagas e Tônia, em
montagens diferentes.
"As idéias de Albee sobre a sexualidade e a família americana incomodam os EUA", afirma Chagas. "Ele faz o mesmo que fazia
Nelson Rodrigues com a família
brasileira."
Albee ganhou o seu primeiro Pulitzer em 1966, com "Um Equilíbrio Delicado". "Paisagem Marinha" (1975) e "Três Mulheres Altas" (1995) deram ao autor os outros dois Pulitzer de sua carreira.
Em 1973, "Um Equilíbrio Delicado" foi filmada pelo diretor inglês
Tony Richardson, com Katharine
Hepburn, entre outros, no elenco.
Peça: Um Equilíbrio Delicado, de Edward
Albee
Com: Tônia Carrero, Walmor Chagas, Íttala
Nandi, Camilla Amado, Luís de Lima e Clarice
Niskier
Direção: Eduardo Wotzik
Onde: Teatro Alfa - sala B (r. Bento Branco de
Andrade Filho, 722, SP, tel. 5693-4000)
Quando: hoje (para convidados), às 21h.
Qui. e sex., às 21h. Sáb., às 18h e às 21h.
Dom., às 20h. Até 4/7
Quanto: R$ 40 (qui.), R$ 45 (sex. e dom.) e
R$ 50 (sáb.)
Patrocinador: Caixa Econômica Federal
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