São Paulo, Quinta-feira, 10 de Junho de 1999
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ARTES PLÁSTICAS
Arturo Duclos expõe a partir de hoje 12 telas na galeria Thomas Cohn
Artista chileno usa a cabala para criticar estruturas sociais

Lili Martins/Folha Imagem
O chileno Arturo Ducios, que mostra, na galeria Thomas Cohn, 12 telas (como a da foto) com base na cabala


FERNANDO OLIVA
da Redação

A obra do chileno Arturo Duclos parece, à primeira vista, esquemática demais, hierarquizante, vítima de rígidos esquemas de criação. Mas não é, como prova a mostra que ele abre hoje na galeria Thomas Cohn, em São Paulo, com 12 telas.
A cabala (tratado filosófico-religioso hebraico) é a base de seu trabalho, que também é repleto de referências às religiões antigas, mitologias, esoterismo, alquimia e heráldica. "Sefirot", o título desta exposição, são os galhos que compõe a árvore da vida, segundo a cabala, e formam uma estrutura que faz a ponte entre humano e divino, religioso e secular, céu e Terra.
Duclos cria sobre esse "chassis" e dá à luz um esquema gráfico análogo ao das árvores genealógicas. Associa então (imprimindo sobre as telas à maneira do processo off-set) palavras, desenhos e símbolos retirados de seu próprio repertório -que não é aleatório, já que o artista tem um enorme arquivo de imagens, classificado por categorias.
De acordo com ele, essa "árvore de significados" quer fazer uma paródia das estruturas de conhecimento e inter-relações do homem. "É uma desconstrução das estruturas sociais, como de família e de trabalho", afirma.
A rigidez se mostra então necessária para que a obra aconteça. "Mesmo a fluidez do mundo depende de um sistema preestabelecido. Como em uma parábola chinesa, uma árvore deve ser rígida o bastante para estar de pé, e suficientemente flexível para que não se quebre sob o menor vento", compara ele.
Duclos foi o representante do Chile na 24ª Bienal de São Paulo, no ano passado, quando também participou da Bienal de Cuenca (Equador). Em 97, apresentou suas obras na 1ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre.


Mostra: Arturo Duclos Onde: galeria Thomas Cohn (av. Europa, 641, Jardim Europa, tel. 011/883-3355) Quando: hoje, às 20h; seg. a sex., 11h às 19h; sáb., 11h às 14h. Até 3/7 Quanto: de R$ 4.000 a R$ 10 mil (técnica mista sobre tela)

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