São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

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PATATIVA EM CORDEL E REPENTE

"Sou um poeta do mato/ Vivo afastado dos meios/ Minha rude lira canta/ Casos bonitos e feios/ Eu canto os meus sentimentos e os sentimentos alheios/ Sou caboclo nordestino/ Tenho mão calosa e grossa/ Minha vida tem sido/ Da choupana para roça/ Sou amigo da família/ Da mais humilde palhoça/ Canto da mata frondosa/ A sua imensa beleza/ Onde vemos os sinais/ Do pincel da natureza/ E quando é preciso eu canto/ A mágoa, a dor e a tristeza."
De "O Padre Henrique e o Dragão da Maldade"

"Eu desejo um lugar muito importante/ Onde reina a sagrada natureza/ Neste mundo eu não quero ter riqueza/ Eu não quero ter prata nem brilhante,/ Esmeralda, rubi, ou diamante/ E não quero ter rosa nem perfume,/ Pois não causam inveja nem ciúme,/ O que eu quero é também ser inocente/ E viver neste mundo eternamente/ Nas lanternas de um lindo vagalume."
De "Ao Pé da Mesa - Motes e Glosas"
"Já bem perto da morte sei que estou/ Muito breve serei pobre finado/ E você que viveu sempre ao meu lado/ E na vida afeição não me faltou/ Um pedido fazer-lhe ainda vou/ Confiando no riso de ternura/ Quando um dia eu baixar à cova escura/ E partir para santa eternidade/ Com as contas do amor e da saudade/ Reze um terço na minha sepultura."
Idem

"Berra o gado impaciente/ Reclamando o verde pasto,/
Desfigurado e arrasto,/ Com o olhar de penitente;/ O fazendeiro, descrente,/ Um jeito não pode dar,/ O sol ardente a queimar/ E o vento forte soprando,/ A gente fica pensando/ Que o mundo vai se acabar."
De "ABC do Nordeste Flagelado"

"Em um dos nossos Estados/ Do Nordeste brasileiro/ Nasceu Chico Brosogó/ Ele era um miçangueiro/ Que é o mesmo camelô/ Lá no Rio de Janeiro/ O Brosogó era ingênuo/ Não tinha filosofia/ Mas tinha de honestidade/ A maior sabedoria/ Sempre vendendo ambulante/ A sua mercadoria./ (...) O ricaço Militão/ Vivia a questionar/ Toda sorte de trapaça/ Era capaz de inventar/ Vendo assim desta maneira/ Sua riqueza aumentar."
De "Brosogó, Militão e o Diabo"



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