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OUTRA FREQUÊNCIA
Concorrência no dial vira luta armada
DA REPORTAGEM LOCAL
As rádios brasileiras, pelo
menos as mais espertas, aderiram à filosofia do "se ficar, o bicho pega". Preocupadas com a
crise publicitária e tentando se
preparar para a entrada do capital
estrangeiro, AMs e FMs devem
transformar a concorrência em
uma espécie de luta armada.
Em São Paulo, quatro grandes
emissoras assinaram um serviço
lançado este mês no mercado, o
MediaSpot. Trata-se de programa
de computador que registra, 24
horas por dia, todos os anúncios e
promoções que vão ao ar no dial.
Assim, uma estação pode descobrir todas as estratégias comerciais de suas maiores concorrentes. E, principalmente, passar a
bater na porta dos anunciantes
alheios para tentar angariá-los.
O MediaSpot -que irá monitorar as campanhas publicitárias
em 150 emissoras de AM e FM de
todo o país- também será uma
arma valiosa em outro processo
atual, muito forte no rádio: a formação de redes nacionais.
Ficará mais fácil detectar as estações regionais que reúnem os
melhores anunciantes, ou seja, as
mais atraentes para se tornarem
afiliadas ou retransmissoras.
Outra utilização importante:
agências de publicidade poderão
checar se os anúncios pelos quais
pagou estão realmente sendo veiculados. Afinal, tem muito anunciante que paga por espaço no rádio e nunca consegue ver -ou
melhor, ouvir- sua propaganda.
Mais uma vez, o eterno problema das rádios piratas de Minas
Gerais estará em debate.
No 6º Congresso Mineiro de Radiodifusão, que acontece nesta semana em Belo Horizonte, o setor
discutirá estratégias para lidar
com as 20 mil estações clandestinas que existem no Estado, segundo João Bosco Torres, presidente da Amirt (Associação Mineira de Rádio e Televisão).
O tema será discutido amanhã,
com a participação de representantes do Ministério das Comunicações, da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), da Polícia Federal, da PM mineira, dos
ministérios públicos estadual e federal e da Justiça Federal.
O que se espera é uma espécie
de acareação, já que, quando o assunto é rádio pirata, cada órgão
costuma jogar a bomba no colo
do outro. E isso nem é um "privilégio" de Minas Gerais.
Entrada do capital estrangeiro,
digitalização, formação de redes,
crise do mercado publicitário,
programação e regras para a cobertura eleitoral também estão
em discussão no congresso. Heródoto Barbeiro, da rádio CBN,
está entre os debatedores.
(LAURA MATTOS)
laura@folhasp.com.br
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