São Paulo, sexta, 10 de julho de 1998

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CINEMA
Festival português traz 140 filmes
Vila do Conde exibe novos e antigos curtas

CECÍLIA SAYAD
enviada especial a Vila do Conde (Portugal)

Vila do Conde -cidade localizada 25 km ao norte do Porto (Portugal) e sede de um "concelho" que reúne 66.400 habitantes-, no início dos anos 90, não tinha nenhuma sala de cinema. Foi o que fez com que um grupo de seis amigos se juntasse para criar o Festival Internacional de Curtas-Metragens do local, cuja sexta edição acontece desde a última terça-feira e vai até domingo, dia 12. Além dos cerca de 140 filmes exibidos (escolhidos entre 1.038 inscritos), em sessões das 11h à 1h30 da manhã, o evento conta com um mercado de curtas dirigido a distribuidores, exibidores e programadores de televisão, uma exposição da obra gráfica do designer norte-americano Saul Bass, debates com os diretores e festas no café Tota Bar, que acontecem a partir das 2h. Os filmes estão distribuídos em duas competições (nacional, para diretores portugueses, e internacional) e três mostras especiais. A primeira é dedicada a Saul Bass (morto em 96) e sua mulher, Elaine Bass (que está entre os 200 convidados presentes na cidade). Bass, conhecido mundialmente por seu trabalho como artista gráfico, teve um trabalho representativo também no cinema, sendo o criador das aberturas de filmes como "Um Corpo Que Cai", de Alfred Hitchcock, e "Cabo do Medo", de Martin Scorsese. Elaborou também sequências famosas, como a cena do chuveiro em "Psicose" e a batalha final de "Spartacus". A outra mostra é dedicada ao cubano Santiago Alvarez, conhecido como um dos principais cineastas da Revolução Cubana, que morreu em maio. Alvarez documentou, entre outros eventos, a guerra do Vietnã e as lutas pela independência de países africanos. Trópico de Câncer
A mostra Sob o Trópico de Câncer, por sua vez, vai trazer uma vasta filmografia dos países genericamente classificados pela organização do festival como "ao sul de Portugal". Além de obras do egípcio Youssef Chamine e do indiano Satyajit Rav, a mostra traz clássicos do cinema brasileiro, como Glauber Rocha (com "O Pátio"), Humberto Mauro ("A Velha a Fiar"), Joaquim Pedro de Andrade ("Couro de Gato"). Entre os brasileiros, há também Jorge Furtado (com "Ilha das Flores"), José Roberto Torero ("Amor"), Francisco César Filho ("Rota ABC") e Adrian Cooper ("Chapeleiros"). O público estimado para o evento este ano é de cerca de 14 mil pessoas (o ano passado contou com 12.500). Rui Maia, um dos diretores do festival, disse à Folha que esse público é composto principalmente por jovens "entre 25 e 35 anos". Já a faixa etária dos diretores dos filmes em competição -ao todo 59- varia. Dezoito participam do festival com seu primeiro filme, ao lado de nomes mais experientes, como o brasileiro Ivan Cardoso, que integra a competição internacional com seu "À Meia-Noite com Glauber" (veja quadro abaixo). Um dos méritos do festival de Vila do Conde é, sempre segundo Maia, difundir o curta-metragem na TV portuguesa. A RTP comparece ao evento com um júri especial, que elege um filme do qual compra os direitos de exibição. A obra é então exibida no programa semanal "Onda Curta", que existe há um ano e utiliza o evento como "principal fonte".


A jornalista Cecília Sayad viaja a convite do Icep (Investimentos, Comércio e Turismo de Portugal) e da organização do festival.



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