São Paulo, Sábado, 10 de Julho de 1999
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DOCUMENTÁRIO
Filme apresenta depoimentos de escritores, imagens históricas e relatos do autor, morto em 48
Vídeo disseca vida de Monteiro Lobato

da Reportagem Local

A vida de Monteiro Lobato, dissecada na biografia "Furacão na Botocúndia" (Senac), de 97, se transformou em um vídeo com depoimentos de escritores, imagens históricas e relatos do próprio escritor, morto no ano de 1948.
Com título homônimo ao livro, o documentário foi produzido pela Fundação Banco do Brasil e pela Odebrecht dentro do "Projeto Memória", que apresenta personalidades ou fatos históricos que marcaram o país.
Distribuído apenas a escolas e bibliotecas, o vídeo, dirigido por Roberto Elisabetsky a partir do roteiro de José Roberto Torero, conta a vida do escritor desde a infância até a morte, passando pelos livros e pelas lutas que Lobato travou.
A primeira história, que sempre aparecia nas notas biográficas das antigas edições de "O Sítio do Pica-Pau Amarelo", sua obra mais famosa, é a mudança de nome, uma pequena mostra do gênio indomável do criador da teimosa boneca Emília.
Nasceu em Taubaté, interior de São Paulo, em 1882, com o nome de José Renato Monteiro Lobato. Aos 11 anos, como queria usar uma bengala de seu pai com as iniciais J.B.M.L. gravadas, decidiu mudar para José Bento Monteiro Lobato, como se tornou conhecido.
A vida de estudante na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, para onde foi por imposição do avô, o visconde de Tremembé, mostra um Monteiro Lobato envolvido em discussões literárias e filosóficas no Café Guarany.
Era ali, na rua 15 de Novembro, na capital paulista, que ele e seus amigos faziam suas reuniões regadas a "laranjinha" -cachaça perfumada com casca de laranja.
Daí passa aos primeiros trabalhos em jornalismo, à vida de promotor público (depois fazendeiro) em Taubaté e à criação do primeiro grande personagem, o Jeca Tatu, uma crítica ao caipira, "sacerdote da grande lei do menor esforço".
Na volta a São Paulo, se envolve em polêmica com os modernistas, ao criticar uma exposição de Anita Malfatti. Polêmica, aliás, é o que vai marcar toda a sua vida.
Editor, mudou o conceito de como se fazer capas para livros, ilustrando e colorindo. Tradutor, verteu para o português mais de cem livros, de Nietszche, seu pensador favorito, a H.G.Wells e Jack London.
Político, brigou pelo petróleo até na prisão -achava que a causa ganhava com suas sucessivas detenções.
Nos últimos anos de vida, perseguido, chega a emigrar para a Argentina, onde se dizia "mais feliz que um peru assado". Voltou um ano depois.
No vídeo, nomes como o do bibliófilo José Mindlin, e dos escritores Ignácio de Loyola Brandão, Tatiana Belinky, Ziraldo e Marcos Rey ajudam a sedimentar a lenda Monteiro Lobato: "Um mestre", como resume, no final, a autora de livros infantis Ruth Rocha.


Vídeo: Furacão na Botocúndia Direção: Roberto Elisabetsky Roteiro: José Roberto Torero Depoimentos: José Mindlin, Ignácio de Loyola Brandão, Tatiana Belinky, Ziraldo, Marcos Rey e Ruth Rocha, entre outros Produção: Fundação Banco do Brasil e Odebrecht

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