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TEATRO
Irene Ravache e Marcos Caruso atuam em nova peça de Leilah Assumpção
"Intimidade Indecente" põe relação de casal a nu
VALMIR SANTOS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Separados após 20 anos, Roberta e Mariano atravessam três décadas usando praticamente o
mesmo figurino em "Intimidade
Indecente".
A diretora Regina Galdino quer
investir mais na "sensação da idade" do que na caracterização dos
personagens interpretados por
Irene Ravache e Marcos Caruso.
Ainda que não troque ou tire a
roupa, o casal da nova peça de
Leilah Assumpção, cuja montagem entra em cartaz hoje em São
Paulo, é colocado a nu em suas
fragilidades e potências.
"É minha peça mais madura",
diz Leilah, 57, que soma 20 textos
para teatro em 32 anos de carreira. "Apesar de algo romântica e
conservadora, não resta dúvida
de que minha dramaturgia é de
impacto, não consigo ficar no ramerrame; não brinco, quando tenho de falar, falo, não rodeio."
Cinquentões separados consensualmente (ambos vão ao divã),
Mariano (Caruso) apaixona-se
pela melhor amiga da filha, enquanto Roberta (Irene) redescobre ou reinventa a sexualidade relacionando-se com uma mulher.
São apenas alguns dos passos
que irão trilhar década a década,
até a casa dos 80. O matrimônio
como tal acaba, mas Roberta e
Mariano parecem mais cúmplices
do que nunca, ancoram suas vidas em sentimentos incondicionais como a amizade.
"Roberta não era uma mulher
que não tinha orgasmos, por
exemplo, mas não exercia autonomia emocional. Após a separação, ela encara a vida de forma diferente, tem novos amores, lida
melhor com a solidão, e tudo sem
amargura", diz Irene Ravache, 57.
Segundo a atriz, a peça "é permeada por situações cáusticas,
engraçadas e ternas" sob certo
tom feminista. "Antigamente, a
mulher estava insatisfeita com alguma coisa no casamento, era infeliz e ficava tudo por isso mesmo.
Hoje, o ser humano busca contornos, saídas, alternativas para o seu
desejo, para a sua felicidade, para
o seu sonho", diz Irene.
"É uma história de amor na qual
os personagens vão envelhecendo
ainda com suas intimidades indecentes, alfinetando um ao outro,
cobrando, checando, inclusive fazendo uso da autocrítica, sempre
em nome do amor profundo que
os une", diz Marcos Caruso, 49.
Para Regina Galdino, 38, trata-se de uma comédia romântica
com encontros e desencontros de
duas pessoas que se amam, mas
não conseguem viver juntas após
duas décadas de casamento. "É
um jogo bem-humorado que tem
como fio condutor a discussão do
sexo na maturidade", afirma Regina, que dirigiu o monólogo
"Memórias Póstumas de Braz Cubas" (1998), com Cássio Scapin.
INTIMIDADE INDECENTE - De: Leilah
Assumpção.
Direção: Regina Galdino.
Com: Irene Ravache e Marcos Caruso.
Onde: teatro Renaissance (al. Santos,
2.233, tel. 3069-2233).
Quando: estréia
hoje, às 21h30; sáb., às 20h e 22h; dom.,
às 17h e 19h. Até 30/9.
Quanto: R$ 50.
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