São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2001

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TEATRO

Irene Ravache e Marcos Caruso atuam em nova peça de Leilah Assumpção

"Intimidade Indecente" põe relação de casal a nu

VALMIR SANTOS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Separados após 20 anos, Roberta e Mariano atravessam três décadas usando praticamente o mesmo figurino em "Intimidade Indecente".
A diretora Regina Galdino quer investir mais na "sensação da idade" do que na caracterização dos personagens interpretados por Irene Ravache e Marcos Caruso.
Ainda que não troque ou tire a roupa, o casal da nova peça de Leilah Assumpção, cuja montagem entra em cartaz hoje em São Paulo, é colocado a nu em suas fragilidades e potências.
"É minha peça mais madura", diz Leilah, 57, que soma 20 textos para teatro em 32 anos de carreira. "Apesar de algo romântica e conservadora, não resta dúvida de que minha dramaturgia é de impacto, não consigo ficar no ramerrame; não brinco, quando tenho de falar, falo, não rodeio."
Cinquentões separados consensualmente (ambos vão ao divã), Mariano (Caruso) apaixona-se pela melhor amiga da filha, enquanto Roberta (Irene) redescobre ou reinventa a sexualidade relacionando-se com uma mulher.
São apenas alguns dos passos que irão trilhar década a década, até a casa dos 80. O matrimônio como tal acaba, mas Roberta e Mariano parecem mais cúmplices do que nunca, ancoram suas vidas em sentimentos incondicionais como a amizade.
"Roberta não era uma mulher que não tinha orgasmos, por exemplo, mas não exercia autonomia emocional. Após a separação, ela encara a vida de forma diferente, tem novos amores, lida melhor com a solidão, e tudo sem amargura", diz Irene Ravache, 57.
Segundo a atriz, a peça "é permeada por situações cáusticas, engraçadas e ternas" sob certo tom feminista. "Antigamente, a mulher estava insatisfeita com alguma coisa no casamento, era infeliz e ficava tudo por isso mesmo. Hoje, o ser humano busca contornos, saídas, alternativas para o seu desejo, para a sua felicidade, para o seu sonho", diz Irene.
"É uma história de amor na qual os personagens vão envelhecendo ainda com suas intimidades indecentes, alfinetando um ao outro, cobrando, checando, inclusive fazendo uso da autocrítica, sempre em nome do amor profundo que os une", diz Marcos Caruso, 49.
Para Regina Galdino, 38, trata-se de uma comédia romântica com encontros e desencontros de duas pessoas que se amam, mas não conseguem viver juntas após duas décadas de casamento. "É um jogo bem-humorado que tem como fio condutor a discussão do sexo na maturidade", afirma Regina, que dirigiu o monólogo "Memórias Póstumas de Braz Cubas" (1998), com Cássio Scapin.


INTIMIDADE INDECENTE - De: Leilah Assumpção.
Direção: Regina Galdino.
Com: Irene Ravache e Marcos Caruso.
Onde: teatro Renaissance (al. Santos, 2.233, tel. 3069-2233).
Quando: estréia hoje, às 21h30; sáb., às 20h e 22h; dom., às 17h e 19h. Até 30/9.
Quanto: R$ 50.




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