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CINEMA/ESTRÉIA
"O BARATO DE GRACE"
Personagem de Brenda Blethyn encontra na droga uma forma de ganhar o dinheiro que precisa
Longa defende uso moderado da maconha
CYNARA MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL
Assim como surgiu o adesivo
"gay friendly" (com o arco-íris) para fixar nas portas dos locais que recebem bem os homossexuais, começam a aparecer filmes que deviam trazer no cartaz a
estampa (com a indefectível folhinha) "hemp friendly", ou simpáticos à maconha.
O auge dessa nova tendência é
"O Barato de Grace", mas quase
não houve filme independente
nos últimos anos que não tivesse
o seu baseadinho. Até alguns títulos do cinemão hollywoodiano
"ousaram" fazer o mesmo -tanto tempo depois dos anos 60, dizer que é ousadia pôr um cigarro
de maconha no bico de um personagem de celulóide!
Mas "O Barato" vai mais longe.
Grace (Brenda Blethyn, de "Segredos e Mentiras") é uma mulher de meia-idade em uma cidadezinha da Inglaterra às voltas
com um problema: tem que pagar
a hipoteca da casa, uma dívida de
300 mil libras (cerca de R$ 1,05
milhão) deixada pelo marido.
Expert em jardinagem, depois
de conversar com seu amigo, o
jardineiro, Matthew (Craig Ferguson, co-autor do roteiro e ainda
bonitão), ela descobre uma solução rápida, embora ilegal e muito
arriscada, para salvar a pele.
Vai produzir em sua estufa, em
vez de orquídeas premiadas, uma
"cannabis sativa" digna de troféu,
cultivada hidroponicamente:
com luz artificial e regada com
uma solução de água e nutrientes.
O resultado é uma maconha para
Bob Marley nenhum botar defeito. E, por isso, cara o suficiente para Grace arrecadar o que precisa.
O que se segue são sequências
hilárias -ou consequências do
fato de alguém que nunca provou
o produto tentar plantá-lo e vendê-lo. Aí entra o carisma de Brenda Blethyn, indicada ao Oscar
duas vezes (por "Segredos" e
"Laura, a Voz de uma Estrela"),
perfeita como a viúva comportada, porém tolerante. Claro, Grace
acaba dando suas baforadas.
O filme chegou a ser apelidado
"Brenda Blethyn Gets the Munchies". Em português, seria algo
como "Brenda Blethyn Tem Larica", ou seja, aquela fome que dá
nas pessoas depois que fumam.
No filme, na verdade, quem acaba
tendo são outros personagens,
mas há no site oficial uma seção
chamada "larica" ("munchies"),
com um fórum engraçadíssimo
trazendo relatos sobre as coisas
absurdas que se comem nesses
momentos (www.saving-grace-movie.com). Havia um jogo para
fazer a plantinha crescer, mas desapareceu -proibição?
Esses e outros detalhes nada
moralistas fazem duvidar que o
filme, como dizem, não faça apologia ao uso (moderado) da droga. Faz, sim. Um resumo da mensagem poderia ser: "Se quiser fumar, fume; não faz mal se você
souber usar". Outra coisa é dizer
que foi feito para quem já fumou;
não é verdade. Mesmo quem jamais tenha provado achará o filme a maior viagem.
O Barato de Grace
Saving Grace
Direção: Nigel Cole
Produção: Inglaterra, 2000
Com: Brenda Blethyn, Craig Ferguson
Quando: a partir de hoje nos cines
Anália Franco, Belas Artes, Jardim Sul,
Top Cine e circuito
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