São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

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Inovações se espraiam para novo Sesc, no centro

DA REPORTAGEM LOCAL

A cruzada anti-saudosismo de Paulo Mendes da Rocha não pára na Patriarca: ainda no centro de São Paulo, mas nas imediações da praça da República, os arrojos do arquiteto se farão notar.
Onde existia uma antiga Mesbla, na esquina dos calçadões da 24 de Maio e Dom José de Barros, se erguerá uma nova unidade do Sesc, encomendada a Mendes da Rocha e ao escritório MMBB, que já foi parceiro do arquiteto em obras como a renovação do Centro Cultural Fiesp, na av. Paulista.
Segundo o diretor regional do Sesc-SP, Danilo Santos de Miranda, 59, a unidade 24 de Maio deve ficar pronta em três anos, a partir do início das obras -princípio de 2003, esperam os arquitetos.
A futura unidade do Sesc vai atender a um programa extenso: terá teatro, esportes, exposições, oficinas artísticas, biblioteca, área de convivência, central odontológica, restaurante e, no topo, a menina-dos-olhos do projeto: uma piscina de 25 m x 25 m.
O objetivo é, segundo Santos de Miranda, "atender sobretudo a uma população que é prioritária para o Sesc, os trabalhadores do comércio e serviços", que formam grande parte dos frequentadores da região central.
Além disso, frisa o diretor, "a retirada de empresas e locais de consumo e lazer desvaloriza o centro" -e é esse esvaziamento que o Sesc espera preencher.
O entusiasmo com o projeto foi tanto que o Sesc comprou o prédio ao lado, que estava vazio, para acomodar as instalações sanitárias da nova unidade e tudo que roubasse espaço, como máquinas de ar-condicionado.
Quem se lembra de passar sob a cúpula da loja de departamentos terá de se conformar com a imagem na memória, pois a retirada da estrutura foi o ponto de partida para o projeto do novo Sesc.
Em compensação, o vazio criado no térreo pelo projeto dará à esquina uma espécie de praça, de onde se entra para o teatro e um café, no subsolo, que poderão funcionar em horários independentes do restante do Sesc.
No perímetro da antiga cúpula, serão erguidos pilares que funcionam como reforço para a nova estrutura. Em alguns andares, eles delimitam "ocos centrais", fazendo com que os pisos funcionem "em duo", como diz Marta Moreira, 39, do escritório MMBB.
Assim, por exemplo, sobre o piso onde funcionará o salão de arte (uma "galeria informal", define Moreira), abre-se um piso de ateliês que não ocupa toda a área do andar, mas tem o vazio central, permitindo que a vista dos usuários de cima se debruce, como num mezanino, sobre os de baixo.
Todos os andares do novo prédio terão, além do acesso por elevadores, ligação entre si por rampas, convidando o visitante a ver a subida como uma continuação do passeio pela rua -ou dando um "sentido festivo" à circulação, como diz Mendes da Rocha.
O prédio deverá ter um aspecto final muito leve, com fachada de vidro e aço, e andares inteiramente abertos -caso, por exemplo, do andar que antecede o da piscina, onde haverá um jardim.
De quebra, como o edifício será "descolado" das construções contíguas, com a demolição de paredes, quem trabalha ao lado ganha nova vista: em vez de paredes, a movimentação das pessoas por essa espécie de "rua vertical".
(FRANCESCA ANGIOLILLO)


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