|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Inovações se espraiam para novo Sesc, no centro
DA REPORTAGEM LOCAL
A cruzada anti-saudosismo de
Paulo Mendes da Rocha não pára
na Patriarca: ainda no centro de
São Paulo, mas nas imediações da
praça da República, os arrojos do
arquiteto se farão notar.
Onde existia uma antiga Mesbla, na esquina dos calçadões da
24 de Maio e Dom José de Barros,
se erguerá uma nova unidade do
Sesc, encomendada a Mendes da
Rocha e ao escritório MMBB, que
já foi parceiro do arquiteto em
obras como a renovação do Centro Cultural Fiesp, na av. Paulista.
Segundo o diretor regional do
Sesc-SP, Danilo Santos de Miranda, 59, a unidade 24 de Maio deve
ficar pronta em três anos, a partir
do início das obras -princípio de
2003, esperam os arquitetos.
A futura unidade do Sesc vai
atender a um programa extenso:
terá teatro, esportes, exposições,
oficinas artísticas, biblioteca, área
de convivência, central odontológica, restaurante e, no topo, a menina-dos-olhos do projeto: uma
piscina de 25 m x 25 m.
O objetivo é, segundo Santos de
Miranda, "atender sobretudo a
uma população que é prioritária
para o Sesc, os trabalhadores do
comércio e serviços", que formam grande parte dos frequentadores da região central.
Além disso, frisa o diretor, "a retirada de empresas e locais de
consumo e lazer desvaloriza o
centro" -e é esse esvaziamento
que o Sesc espera preencher.
O entusiasmo com o projeto foi
tanto que o Sesc comprou o prédio ao lado, que estava vazio, para
acomodar as instalações sanitárias da nova unidade e tudo que
roubasse espaço, como máquinas
de ar-condicionado.
Quem se lembra de passar sob a
cúpula da loja de departamentos
terá de se conformar com a imagem na memória, pois a retirada
da estrutura foi o ponto de partida
para o projeto do novo Sesc.
Em compensação, o vazio criado no térreo pelo projeto dará à
esquina uma espécie de praça, de
onde se entra para o teatro e um
café, no subsolo, que poderão
funcionar em horários independentes do restante do Sesc.
No perímetro da antiga cúpula,
serão erguidos pilares que funcionam como reforço para a nova estrutura. Em alguns andares, eles
delimitam "ocos centrais", fazendo com que os pisos funcionem
"em duo", como diz Marta Moreira, 39, do escritório MMBB.
Assim, por exemplo, sobre o piso onde funcionará o salão de arte
(uma "galeria informal", define
Moreira), abre-se um piso de ateliês que não ocupa toda a área do
andar, mas tem o vazio central,
permitindo que a vista dos usuários de cima se debruce, como
num mezanino, sobre os de baixo.
Todos os andares do novo prédio terão, além do acesso por elevadores, ligação entre si por rampas, convidando o visitante a ver a
subida como uma continuação do
passeio pela rua -ou dando um
"sentido festivo" à circulação, como diz Mendes da Rocha.
O prédio deverá ter um aspecto
final muito leve, com fachada de
vidro e aço, e andares inteiramente abertos -caso, por exemplo,
do andar que antecede o da piscina, onde haverá um jardim.
De quebra, como o edifício será
"descolado" das construções contíguas, com a demolição de paredes, quem trabalha ao lado ganha
nova vista: em vez de paredes, a
movimentação das pessoas por
essa espécie de "rua vertical".
(FRANCESCA ANGIOLILLO)
Texto Anterior: Projet o apont a não-confi name nto da cidade Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|