São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Três projetos enfrentam dificuldades

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

O traço e o pensamento de Lúcio Costa permanecem firmes em vários pontos do Estado do Rio, mas enfrentam dificuldades em pelo menos três: o Park Hotel São Clemente, em Nova Friburgo (região serrana), a vila operária da Gamboa e o projeto urbanístico da Barra da Tijuca.
O Park Hotel une os princípios modernistas a materiais locais, como os eucaliptos. Com apenas 12 quartos, foi projetado em 1940 a pedido de César Guinle.
"A idéia inicial era fazer uma pousadinha para hospedar possíveis compradores de um loteamento, mas meu pai se entusiasmou, fez uma pequena obra-prima e ainda desenhou os móveis e foi com o dr. César comprar lençóis e toalhas", conta Maria Elisa Costa, arquiteta como o pai.
Desde 2003, por causa de fortes chuvas, o hotel está fechado. Parte dos estragos já foi consertada, mas um projeto inscrito na Lei Rouanet busca recursos para fazer a restauração completa.
Embora haja um plano da prefeitura de recuperação da zona portuária, as casas da Gamboa, projetadas por Costa nos anos 30, ainda estão em mau estado. Já o projeto da Barra foi desfigurado pela especulação imobiliária.
"O pior é que a arquitetura da Barra é feia demais. E não dá para esconder, porque é alta demais também", diz Maria Elisa. Outros projetos marcantes estão em bom estado. São os casos do conjunto de edifícios do Parque Guinle (Laranjeiras), de 1948, em que o tradicional (treliças, telhas de barro) mais uma vez se junta a traços modernos, e da sede social do Jockey Club Brasileiro, de 1954.
Já o edifício do Ministério da Educação (1936-46), obra maior da arquitetura modernista, é resultado da obstinação de Costa, que convenceu Getúlio Vargas a trazer o francês Le Corbusier para supervisionar uma equipe de arquitetos, Oscar Niemeyer, Affonso Reidy e Carlos Leão entre eles.
O acervo de textos e desenhos do arquiteto está sendo organizado pela Casa de Lúcio Costa, tocada por sua neta, Julieta Sobral.


Texto Anterior: A construção do moderno
Próximo Texto: Mônica Bergamo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.