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CINEMA
Exercícios dos pilotos da Força Aérea Brasileira viram pano de fundo para longa feito pela Universidade de Santa Maria
RS produz "filme intimista" com a FAB
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma parceria inédita para a
produção de um longa-metragem
está sendo feita entre dois órgãos
do governo que não têm tradição
no ramo: a Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM) e a Força
Aérea Brasileira (FAB). O desejo
do coordenador do projeto, o
professor de jornalismo Rondon
de Castro, diretor até agora de
curtas, é estrear o filme em março
de 2005.
Mas, antes que alguém ache que
se trata de um "Top Gun" brasileiro, Rondon explica por que não
será. "Não temos a menor intenção de fazer um filme de aventura
aérea. Colocamos o cotidiano da
FAB como pano de fundo para
um filme intimista, de reconstrução humana."
O projeto chama-se "Hamartia
- Ventos do Destino". Na tragédia
grega, "hamartia" é um erro de
julgamento do herói que leva a
uma catástrofe, mas o título também pode ser interpretado como
"uma missão dada pelos deuses
aos homens para serem felizes",
segundo Rondon.
O roteiro -feito por ele- conta a história de um piloto, tenente
Martin, que procura entender a
morte da mulher e, para isso, tem
a ajuda da oficial médica da base
aérea, a tenente Cláudia. O cenário básico é a Base Aérea de Santa
Maria, vizinha do campus da universidade. "Os aviões costumam
acordar os alunos que vivem na
moradia estudantil", diz Rondon.
O tenente é vivido por Emerson
Peixoto, e a médica, por Candice
Lorenzoni, atores conhecidos no
Rio Grande do Sul. Rondon quer
contratar dois atores conhecidos
nacionalmente para os papéis do
coronel que comanda o esquadrão e da mulher do piloto.
Um dos maiores "atores" será o
caça-bombardeiro ítalo-brasileiro AMX, conhecido como A-1 na
FAB. "Adoro esse avião, tem um
design muito bonito", afirma o
diretor. O tenente do filme pertence ao 3º Esquadrão do 10º Grupo de Aviação, um dos quatro baseados em Santa Maria.
As cenas aéreas serão filmadas
tanto em Santa Maria como em
outros pontos do país, durante
exercícios da FAB -um deles
ocorrerá no Nordeste em novembro. Um dos pontos altos do filme
deverá ser o ataque dos AMX a
uma pista clandestina do narcotráfico na Amazônia.
A equipe de produção calcula
em R$ 1,3 milhão o custo do filme.
"É um orçamento baixo, pela natureza do projeto", diz o coordenador. Há principalmente custos
com viagens e com pessoal. O
equipamento usado é o da universidade, e as cenas aéreas ficam por
conta da programação normal da
FAB. "Não temos fins lucrativos,
o objetivo é acadêmico, a formação de pessoal", diz Rondon.
Dezenas de alunos de vários
cursos estão engajados no projeto
"Hamartia". Os cartazes do filme
foram criados por um aluno de
desenho industrial, Andrey Oliveira Lamberty; Gabriel Bortolucci fará cenas com computação
gráfica; e a trilha sonora está sendo desenvolvida por um mestrando de música da UFSM, Gerson
Rios Leme.
De acordo com Rondon, a área
militar é um filão que tem sido
pouco explorado pelo cinema, devido a um "ranço na cultura civil".
"O regime militar é muito recente,
seu impacto na comunidade artística foi grande."
O filme ajudaria a retirar alguns
estereótipos, mostrando o cotidiano dos aviadores. "Os pilotos
são uns loucos apaixonados pelo
vôo. O avião é uma extensão da
vida deles", diz o diretor.
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