DA ENVIADA A VENEZA

O Brasil enviou dois filmes ao festival de Veneza e saiu de lá com dois prêmios -paralelos.
Escalado para a mostra oficial concorrente ao Leão de Ouro, "Abril Despedaçado", de Walter Salles, ficou pronto na véspera de sua primeira exibição competitiva, ocorrida no dia 5 de agosto.
Ao aceitar o "honroso" convite do festival, Salles, 45, que venceu o Festival de Berlim em 98 com "Central do Brasil", precisou encurtar o calendário de conclusão do filme em pelo menos duas semanas e meia.
A trajetória de "Abril Despedaçado" pelo Festival de Veneza foi intrigante. O filme agradou na sessão para a imprensa e representantes da indústria e foi aclamado na exibição oficial ao público e jurados, tendo sido aplaudido de pé durante seis minutos.
No entanto a crítica italiana qualificou-o como o "o pior" da mostra e ele recebeu o maior número de indicações ao demeritório Leão de Gesso.
Por unanimidade, o júri jovem composto por 26 estudantes italianos concedeu-lhe o Leãozinho de Ouro "pela graça e leveza narrativa ao apresentar contemporaneamente os sentimentos seculares do ódio e da vingança; o amor, a amizade e a esperança, pelos olhos e a vida de um menino, seja ele brasileiro ou de qualquer outra parte do mundo".
Salles deu o troféu ao ator Ravi Ramos Lacerda, 13, que interpretou o protagonista Pacu. No ano passado, o vencedor do Leãozinho de Ouro foi "I Cento Passi", de Marco Tulio Giordana.

"O amado"
Exibido na seção Novos Territórios e também em estréia mundial 20 dias após a sua conclusão, "Dias de Nietzsche em Turim", de Julio Bressane, 55, foi agraciado com o troféu Bastone Bianco, concedido pela revista "Film Critica", que avaliou todos os 141 títulos da mostra.
"Este é um prêmio à resistência criativa. Um "sim" à vida. Como dizia o grande Antônio Vieira, uma coisa é ser amado, outra é ser o amado", disse Bressane, que assinou contrato com a emissora de TV italiana RAI para a exibição de seis de seus filmes durante os próximos três anos.



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