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TV
Procuradora pede fitas de programa, suspeito de "inventar" depoimentos
Ministério Público apura entrevista do PCC a Gugu
DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal e o
do Estado de São Paulo iniciaram
ontem investigações para apurar
se é autêntica a entrevista veiculada dia 7 pelo "Domingo Legal",
do SBT, com dois supostos membros da facção criminosa PCC
(Primeiro Comando da Capital).
No programa, a dupla fez ameaças de morte a personalidades como o padre Marcelo Rossi, o vice-prefeito de SP, Hélio Bicudo, e aos
apresentadores de TV José Luiz
Datena e Marcelo Rezende.
Segundo o procurador-geral de
Justiça do Estado de SP, Luiz Antonio Guimarães Marrey, os entrevistados cometeram apologia
ao crime e ameaça.
Marrey assistiu à fita do programa ontem à tarde e levantou suspeitas sobre sua autenticidade.
"Ambos os indivíduos, que disseram ter cumprido penas longas,
não parecem ter linguagem de
quem esteve anos no sistema prisional", afirmou. Para o procurador, a entrevista pode ter dado
"idéias a malucos e criminosos".
Procuradora regional dos direitos do cidadão do Ministério Público Federal, Eugênia Fávero disse ontem que também irá investigar o caso. Hoje, ela irá requerer
cópias do "Domingo Legal" e do
"Repórter Cidadão" (Rede TV!) e
"Brasil Urgente" (Band), que levantaram suspeitas de que a entrevista seria uma farsa.
O "Repórter Cidadão" de ontem mostrou entrevista de um suposto líder do PCC, que estaria falando de um presídio, afirmando
que as duas pessoas que deram
entrevista ao SBT não seriam integrantes da facção.
A assessoria de imprensa do
SBT afirmou ontem que não irá
comentar o caso. A de Gugu Liberato, apresentador do "Domingo
Legal", não retornou as ligações.
A Folha apurou que a Secretaria
de Segurança Pública do Estado
de SP suspeita que as pessoas que
aparecem na entrevista seriam
policiais afastados por corrupção.
Com o episódio, o apresentador
poderá voltar ao "ranking da baixaria na TV", elaborado pela Comissão de Direitos Humanos da
Câmara. Gugu havia sido retirado
da lista por ter promovido em seu
programa alterações solicitadas
pela campanha Quem Financia a
Baixaria É contra a Cidadania,
responsável pelo ranking.
Segundo o deputado Orlando
Fantazzini (PT-SP), coordenador
da campanha, o "Domingo Legal"
acabou cometendo um deslize
com a entrevista. "Gugu utilizou
uma rede de TV para fazer uma
ameaça grave. Valorizou a imagem do criminoso. Isso pode dar
margem para que o crime queira
usar a TV para suas ações. Se houver reclamações dos telespectadores, ele voltará à lista."
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