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"BATIDA DIFERENTE"
Aos 69 anos, Durval Ferreira sai da sombra com ótimo disco solo
DA SUCURSAL DO RIO
A prática consolidada de reduzir a bossa nova a seis ou
sete nomes tem deixado na sombra excelentes músicos e compositores. Entre eles está Durval Ferreira, 69, que lança seu primeiro
disco solo, "Batida Diferente".
Desde sua origem, o caminho
de Ferreira foi diferente do trilhado pelos protagonistas da bossa
nova. Em vez de Copacabana ou
Ipanema, seu bairro era Vila Isabel, na zona norte do Rio.
Enquanto João Gilberto e outros optaram por uma linha cool,
de concisão, Durval resolveu juntar samba com o bebop de Charlie
Parker e investigar as complexas
possibilidades harmônicas do
samba-jazz.
Nas 13 faixas de "Batida Diferente", Ferreira revê sua história
conciliando formações instrumentais ousadas com uma grande suavidade, encaixando complexidade e delicadeza.
Ferreira toca violão em todas as
faixas e assina a maioria dos arranjos, mas outros músicos, hoje
vistos como mero coadjuvantes
da bossa nova, também são fundamentais no acerto do disco.
Osmar Milito, excepcional e discreto pianista, faz introduções belíssimas de "Estamos Aí" e "Tristeza de Nós Dois". Na primeira, o
solo de piano é sucedido por um
inusual time de cinco saxofones,
um deles pilotado pelo recém-morto Juarez Araújo.
Bebeto Castilho, ex-Tamba
Trio, comparece com seu baixo
em duas faixas. Raul de Souza, radicado na França, toca trombone
em outras duas, e o trompetista
Cláudio Roditi, radicado nos
EUA, atua na faixa-título.
Tendo passado as últimas três
décadas produzindo discos comerciais, Ferreira retoma agora o
músico brilhante dos anos 60.
Aquele que, no grupo Samba Rio,
acompanhou Sérgio Mendes no
histórico concerto do Carnegie
Hall, em 1962, e tocou até com o
saxofonista americano Cannonball Adderley. Uma feliz volta que
o tira, em tempo, da sombra.
(LUIZ FERNANDO VIANNA)
Batida Diferente
Artista: Durval Ferreira
Lançamento: Guanabara
Quanto: R$ 23
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