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Aimar Labaki assina novela e reestréia peça
Dramaturgo volta à TV e adapta para a Band "Paixões Proibidas", baseada em obras de Camilo Castelo Branco
"Prego na Testa", monólogo com Hugo Possolo e direção de Labaki, retorna ao cartaz em novo espaço teatral no centro de São Paulo
MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O homem de teatro se rende
à televisão. A afirmação é leviana, ao menos para o premiado
dramaturgo Aimar Labaki, 45,
de respeitável carreira com
mais de 15 trabalhos nos palcos.
Agora, ele vai fazer novela: é o
responsável pela autoria de
"Paixões Proibidas", co-produção com a emissora portuguesa
RTP que deve estrear daqui a
dois meses na Band.
"Eu adoro novela e sou noveleiro, admito. Mesmo quando
não estou trabalhando, gravo
para assistir depois. Assisto, em
parte, para estudar, mas em
grande medida porque tenho
prazer em ver. Se não fosse noveleiro, talvez eu não trabalhasse com isso", diz.
Em sua trajetória, foi crítico
da Folha, escreveu para outros
veículos e recebeu prêmios importantes, como o APCA (Associação Paulista dos Críticos de
Arte) em 2000.
A atividade teatral continua
intensa: dirigida por Labaki,
"Prego na Testa" volta ao cartaz nesta quarta-feira, dia 13,
no novo espaço dos Parlapatões, no centro de São Paulo.
Depois de temporada paulistana, "O Anjo do Pavilhão Cinco",
adaptada pelo dramaturgo a
partir de texto de Dráuzio Varella, é uma das atrações do festival Porto Alegre em Cena.
"Faço teatro com muito prazer
e vou continuar", afirma.
Labaki diz não temer o preconceito no meio teatral por
trabalhar para a televisão. "É
preciso registrar que a divisão
entre arte e entretenimento é
cada vez mais clara. Novela não
é arte; é entretenimento. Isso
não significa que não possa haver arte em novela; há arte, assim como momentos de banalidade. Se houver preconceito,
acho que vem de um olhar muito limitado", comenta.
Na TV, antes de liderar seu
próprio projeto, Labaki atuou
como colaborador. Fez duas
novelas com Lauro César Muniz (autor de "Cidadão Brasileiro", no ar atualmente na Record) e nos últimos anos trabalhou com Marcus Lazarini no
SBT. Mas, garante, nunca deixou a televisão, tendo realizado
também documentários e programas para canais pagos. "Na
verdade, eu nunca saí da TV.
Mas, agora, é a minha primeira
novela como autor", justifica.
A dedicação maior ao teatro,
até agora, é uma questão de
tempo, segundo o dramaturgo.
"O teatro não se sobrepõe à TV:
eu diria que eles convive bem.
O que acontece é que o dia tem
24 horas. E novela é uma coisa
extremamente absorvente."
Entre o Rio e Lisboa
"Paixões Proibidas" é baseada em três livros do português
Camilo Castelo Branco (1825-1890), "Amor de Perdição", "O
Livro Negro do Padre Diniz" e
"Mistérios em Lisboa".
Os livros serviram de inspiração para a trama, que se desenvolverá em três núcleos diferentes, cerca de 40 personagens, 160 capítulos, três localidades (Rio de Janeiro, Lisboa e
Resende) e um período pouco
conhecido da história do Brasil,
o início do século 19, do ponto
de vista do povo. "Temos muita
coisa sobre o Império, mas nada sobre o momento que antecede a chegada da família Real,
não do ponto de vista da corte.
Isso jamais fora mostrado."
Labaki não se considera um
"camiliano", mas admira o autor. "São personagens dos livros e outros que eu inventei,
todos implicados entre si. Assim, deixaram de ser os livros e
viraram uma novela inspirada
em algumas histórias do Camilo Castelo Branco. Acho seu
texto extremamente folhetinesco", afirma o autor.
Na próxima quarta-feira, dia
13, uma equipe de "Paixões
Proibidas" vai a Portugal fazer
as primeiras gravações no país.
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