São Paulo, domingo, 10 de setembro de 2006

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Aimar Labaki assina novela e reestréia peça

Dramaturgo volta à TV e adapta para a Band "Paixões Proibidas", baseada em obras de Camilo Castelo Branco

"Prego na Testa", monólogo com Hugo Possolo e direção de Labaki, retorna ao cartaz em novo espaço teatral no centro de São Paulo

MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

O homem de teatro se rende à televisão. A afirmação é leviana, ao menos para o premiado dramaturgo Aimar Labaki, 45, de respeitável carreira com mais de 15 trabalhos nos palcos. Agora, ele vai fazer novela: é o responsável pela autoria de "Paixões Proibidas", co-produção com a emissora portuguesa RTP que deve estrear daqui a dois meses na Band.
"Eu adoro novela e sou noveleiro, admito. Mesmo quando não estou trabalhando, gravo para assistir depois. Assisto, em parte, para estudar, mas em grande medida porque tenho prazer em ver. Se não fosse noveleiro, talvez eu não trabalhasse com isso", diz.
Em sua trajetória, foi crítico da Folha, escreveu para outros veículos e recebeu prêmios importantes, como o APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) em 2000.
A atividade teatral continua intensa: dirigida por Labaki, "Prego na Testa" volta ao cartaz nesta quarta-feira, dia 13, no novo espaço dos Parlapatões, no centro de São Paulo. Depois de temporada paulistana, "O Anjo do Pavilhão Cinco", adaptada pelo dramaturgo a partir de texto de Dráuzio Varella, é uma das atrações do festival Porto Alegre em Cena. "Faço teatro com muito prazer e vou continuar", afirma.
Labaki diz não temer o preconceito no meio teatral por trabalhar para a televisão. "É preciso registrar que a divisão entre arte e entretenimento é cada vez mais clara. Novela não é arte; é entretenimento. Isso não significa que não possa haver arte em novela; há arte, assim como momentos de banalidade. Se houver preconceito, acho que vem de um olhar muito limitado", comenta.
Na TV, antes de liderar seu próprio projeto, Labaki atuou como colaborador. Fez duas novelas com Lauro César Muniz (autor de "Cidadão Brasileiro", no ar atualmente na Record) e nos últimos anos trabalhou com Marcus Lazarini no SBT. Mas, garante, nunca deixou a televisão, tendo realizado também documentários e programas para canais pagos. "Na verdade, eu nunca saí da TV. Mas, agora, é a minha primeira novela como autor", justifica.
A dedicação maior ao teatro, até agora, é uma questão de tempo, segundo o dramaturgo. "O teatro não se sobrepõe à TV: eu diria que eles convive bem. O que acontece é que o dia tem 24 horas. E novela é uma coisa extremamente absorvente."

Entre o Rio e Lisboa
"Paixões Proibidas" é baseada em três livros do português Camilo Castelo Branco (1825-1890), "Amor de Perdição", "O Livro Negro do Padre Diniz" e "Mistérios em Lisboa".
Os livros serviram de inspiração para a trama, que se desenvolverá em três núcleos diferentes, cerca de 40 personagens, 160 capítulos, três localidades (Rio de Janeiro, Lisboa e Resende) e um período pouco conhecido da história do Brasil, o início do século 19, do ponto de vista do povo. "Temos muita coisa sobre o Império, mas nada sobre o momento que antecede a chegada da família Real, não do ponto de vista da corte. Isso jamais fora mostrado."
Labaki não se considera um "camiliano", mas admira o autor. "São personagens dos livros e outros que eu inventei, todos implicados entre si. Assim, deixaram de ser os livros e viraram uma novela inspirada em algumas histórias do Camilo Castelo Branco. Acho seu texto extremamente folhetinesco", afirma o autor.
Na próxima quarta-feira, dia 13, uma equipe de "Paixões Proibidas" vai a Portugal fazer as primeiras gravações no país.

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